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Opinião

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Carlos Heitor Cony

Lembrando João de Deus

RIO DE JANEIRO - O primeiro papa a visitar o Brasil foi João Paulo 2º, em 1980. Por indicação de dom Eugenio Sales, então arcebispo do Rio de Janeiro, fui incluído, como jornalista, na comitiva oficial do papa, fazendo todo o percurso que começou e terminou em Ro- ma, após longa visita a várias ca-pitais brasileiras.

Já no avião da Alitalia à disposição do pontífice, recebi de dom Romeo Panciroli, secretário de Imprensa do Vaticano, a cópia do primeiro discurso que o papa faria no Brasil. Antes, evidentemente, ele cumpriria o cerimonial diplomático, sendo recebido em Brasília pelo presidente da época, João Figueiredo, que lhe deu as boas-vindas protocolares reservadas aos chefes de Estado. Após os encontros oficiais, ele iniciou sua visita pastoral, indo ao encontro dos presos na penitenciária da Papuda.

O Brasil engatinhava lentamente na senda da abertura política, a mídia internacional noticiava com frequência a repressão militar, com atos de tortura, assassinatos e prisões lotadas de contestadores do regime. Parcela importante da sociedade civil criticava o encontro do papa com o último general da ditadura. Justamente por isso, João Paulo 2º fez seu primeiro pronunciamento como pastor numa penitenciária da própria capital do Brasil.

Ainda a bordo do avião da Alitalia, li em versão bilíngue o discurso, que publiquei na revista em que trabalhava, e depois, no livro-álbum "Nos passos de João de Deus", lançamento das Edições Bloch, com as fotos que Arturo Mari, fotógrafo oficial do papa, me cedeu com parcial exclusividade.

Emocionou-me um trecho que agora transcrevo: "A visita que ora vos faço, embora breve, significa muito para mim. É a visita de um pastor no gesto de procurar com mais desvelo a sua ovelha e ficar alegre por encontrá-la".


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