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Opinião

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A coalizão partidária do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, obteve vitória por ampla margem nas eleições da Câmara Alta (espécie de Senado do país), realizadas no domingo. Os parlamentares governistas formarão maioria também nessa casa legislativa, vantagem já assegurada na Câmara Baixa no fim do ano passado.

Cristaliza-se, assim, a reabilitação do conservador Partido Liberal Democrático (PLD), que, no pleito de 2009, havia sido derrotado após cerca de meio século de controle político do Japão.

O resultado corrobora o apoio popular à estratégia de Abe, ora em curso, para destravar a economia japonesa, imobilizada há mais de duas décadas pela deflação e pela recessão intermitentes.

Desde que assumiu o governo, em dezembro, o primeiro-ministro passou a implementar um agressivo programa de estímulos que amplia os gastos públicos e afrouxa, de maneira sem precedentes, o controle sobre a quantidade de moeda em circulação.

O plano tem se mostrado exitoso. A Bolsa japonesa subiu 40% desde então, e o FMI revisou de 1,5% para 2% a previsão de crescimento do país para este ano. Não surpreende que a popularidade de Abe atinja altos índices.

Analistas são unânimes em afirmar, contudo, que essa foi a parte indolor do pacote --as iniciativas mais difíceis estão por vir.

A pretensão do primeiro-ministro é aprovar medidas reformistas --que, por isso mesmo, enfrentam maior resistência. Abertura comercial e flexibilização do mercado de trabalho são alguns dos pontos centrais em que ele busca avançar.

O primeiro item, contudo, esbarra no interesse econômico de produtores agrícolas, que dão sustentação ao partido de Abe. O segundo colide com a cultura ancestral japonesa. Com o nascimento de menos crianças, tornou-se importante para o país incentivar a força de trabalho feminina, o que não encontra amplo respaldo social.

Shinzo Abe encara os obstáculos com ousadia. A fim de fomentar a valorização de ativos e salários, por exemplo, ele se comprometeu com a meta, nada trivial para o Japão, de elevar a inflação para 2% já no ano que vem, na expectativa de que o crescimento econômico se sustente nos próximos meses.

Não é pouco o que está em jogo. Do sucesso de Abe e de sua estratégia --apelidada de "abenomics"-- depende o futuro da terceira maior economia do mundo.


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