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Da arte de enxugar gelo

O título acima poderia resumir uma lista com as diversas medidas adotadas em São Paulo nos últimos anos, sem que seu efeito tenha sido outro que não retardar a contínua piora do trânsito da cidade.

Viadutos, ampliação de vias, faixas de ônibus, rodízio, mais trens e novas linhas de metrô --reconheça-se que não foram poucas as iniciativas de prefeitos e governadores. Os resultados, no entanto, são insuficientes.

Primeiro, porque os investimentos permanecem aquém do necessário; segundo, porque parte dessas medidas mostrou-se equivocada; terceiro, porque a própria política econômica vem estimulando o aumento da frota.

Agora, o prefeito Fernando Haddad (PT), em início de mandato e pressionado pelas manifestações que colocaram o tema na berlinda, procura mostrar serviço. A prefeitura criou cerca de 80 km de faixas de ônibus e pretende implantar mais 140 km até dezembro.

Essas pistas, ainda que menos eficazes do que corredores com espaço para ultrapassagem e plataformas de embarque, vão contribuir para aumentar a velocidade dos ônibus e dificultar a circulação de carros --o que, aliás, já ocorre com o simples aumento da frota.

Estudos mostram que em 2012 a velocidade média caiu 12% em relação ao ano anterior nas grandes avenidas da cidade.

Uma das maneiras de minimizar o problema seria levar o rodízio de veículos para além do centro expandido. A prefeitura cogita incluir no esquema algumas grandes vias, hoje excluídas.

A proposta, como já alertaram especialistas, poderá aumentar a procura por ruas paralelas às impedidas, o que criaria engarrafamentos nos bairros. Será prudente, de fato, um período de teste para avaliar melhor as consequências do aumento da restrição, como estuda a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

De todo modo, o provável alívio tenderá a ser transitório. Para atingir um patamar mais eficiente, que desestimule o uso do carro na capital, estima-se que seria preciso dobrar a rede de metrô e construir mais 150 km de modernos corredores de ônibus.

Tal expansão esbarra na carência de recursos (só a duplicação do metrô custaria cerca de R$ 35 bilhões) e num fator disfuncional, que é a divisão de responsabilidades entre Estado (metrô e trens) e município (ônibus). Para enfrentar esse problema é necessário um esforço de planejamento que envolva toda a região metropolitana.

Até lá, ao que parece, as autoridades continuarão a enxugar gelo.


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