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Violência no Egito

O Egito viveu momentos de terror no final de semana. No segundo massacre em um mês, pelo menos 72 islamitas foram mortos e mais de 400 saíram feridos de um protesto pacífico contra o governo interino que comanda o país.

Ainda que não se considere a estimativa de 200 mortos feita pela Irmandade Muçulmana, trata-se do mais grave episódio desde que um golpe militar, em 3 de julho, depôs Mohammed Mursi, primeiro presidente democraticamente eleito da história do Egito.

Dividida, a sociedade egípcia parece longe de reencontrar alguma unidade. Organização majoritária nas eleições do ano passado, a Irmandade Muçulmana recusa-se a participar da preparação de nova Constituição para o país. A atual, elaborada sob influência religiosa e aprovada por Mursi de forma controversa, está suspensa.

Diante da tensão política, a resposta mais frequente do governo egípcio tem sido a violência. Não surpreende, portanto, que parte da comunidade internacional reaja com preocupação.

O morticínio do final de semana foi prontamente condenado pela comissária da ONU para os direitos humanos, Navi Pillay. Também os europeus agiram depressa. Catherine Ashton, chefe da diplomacia da União Europeia, deslocou-se ao Egito no domingo para buscar entendimento entre as partes.

Destoa, porém, o comportamento dos EUA. Enquanto o governo egípcio sinaliza atitudes mais duras ao prometer "resolver em breve" as manifestações de grupos islamitas, a Casa Branca se omite.

Verdade que, na semana passada, os EUA suspenderam --mas não cancelaram-- a entrega de quatro caças F-16 ao Egito. Washington, contudo, não condenou publicamente a violência no país e reluta em qualificar como golpe a deposição de Mursi.

O presidente Barack Obama tem lá suas razões pragmáticas para ser esquivo nesse tópico. Por lei, o governo americano tem de interromper o auxílio financeiro a qualquer país em que militares tomem o poder de maneira não democrática.

Atualmente, os EUA enviam US$ 1,5 bilhão por ano para o Egito, importante parceiro na estratégia de segurança para o Oriente Médio.

Não constitui novidade que a "realpolitik" afaste os EUA dos valores democráticos que diz defender. Estranha, contudo, que isso ocorra em região com tantos governos ainda frágeis --na Tunísia, por exemplo, já se teme nova onda de protestos contra os islamitas no poder.


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