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Aceitar a paz

Novas negociações entre israelenses e palestinos começam em cenário mais favorável, mas histórico da região recomenda ceticismo

Completam-se em setembro 20 anos desde a assinatura do Acordo de Oslo, a mais promissora tentativa de paz entre Israel e palestinos --e a maior decepção para os adeptos de uma solução negociada.

Nessas duas décadas, cresceu o pessimismo. Extremistas se fortaleceram dos dois lados e consolidou-se, após reiterados fracassos, a impressão de que o nó não será desatado. Natural, portanto, que seja recebida com ceticismo a nova rodada de negociações, iniciada na semana passada.

Existem razões, ainda assim, para nutrir certa esperança.

A Palestina desfruta de inédito apoio internacional, com o reconhecimento simbólico pela Assembleia-Geral da ONU, no ano passado. Em Israel, o partido de Binyamin Netanyahu saiu enfraquecido das eleições parlamentares de janeiro, e o primeiro-ministro montou uma coalizão moderada.

Do ponto de vista dos EUA, um acordo de paz poderia lustrar a imagem progressista de Barack Obama, arranhada pelo escândalo de espionagem global. Não estranha, assim, a pressão americana para o reinício do diálogo, interrompido há quase três anos.

Cabe ressaltar que as cinco tratativas malsucedidas legaram receita quase consensual para a paz. O ponto principal é a criação de um Estado palestino baseado nos territórios ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias, de 1967 --ou seja, Cisjordânia e Gaza.

A maioria dos assentamentos, em que vivem 400 mil judeus, seria anexada a Israel. Área equivalente seria transferida ao novo Estado palestino como compensação.

Haveria alguma forma de soberania compartilhada sobre regiões árabes de Jerusalém, em especial a Esplanada das Mesquitas --de onde Maomé teria ascendido ao céu, segundo a tradição islâmica.

O direito de retorno de palestinos que deixaram Israel na criação do Estado judeu, em 1948, seria limitado a dezenas de milhares num universo de mais de 5 milhões.

Segundo pesquisa recente, 62% dos israelenses e 53% dos palestinos defendem uma solução com dois Estados. A suspeição, entretanto, é grande: 82% dos palestinos acreditam que o objetivo de Israel é expulsá-los da região ou subjugá-los, e 54% dos israelenses entendem que os vizinhos desejam acabar com o Estado judeu.

Esse ambiente de desconfiança beneficia segmentos radicais contrários à paz. O grupo islâmico Hamas, que domina a faixa de Gaza, tem sabotado as negociações. Entre israelenses, o discurso do medo predomina nos assentamentos.

Apesar dos vetores favoráveis, a negociação de paz somente poderá avançar se ambos os lados conseguirem impedir que extremistas monopolizem o debate. Infelizmente, não se trata de tarefa fácil.


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