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Opinião

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Raízes frágeis

Confrontada com a má organização de seu partido e com as pequenas chances eleitorais que possuía, uma líder populista de outros tempos costumava afirmar que não estava plantando couves, e sim carvalhos.

A metáfora vegetal talvez pudesse ser de proveito a Marina Silva no momento. Muito bem situada nas pesquisas eleitorais (com 26% da preferência popular contra os 35% de Dilma Rousseff num primeiro turno, segundo o Datafolha), a principal representante ambientalista no Brasil enfrenta dificuldades, contudo, para viabilizar seu partido até o pleito de 2014.

Afirma já ter obtido mais do que o necessário, em número de assinaturas de eleitores, para o registro de sua nova agremiação.

Encarregados de conferir a documentação de centenas de milhares de supostos adeptos, muitos cartórios eleitorais atrasam, contudo, a burocracia exigida para que a Rede Sustentabilidade passe do mundo virtual para o real.

Não parece provável que uma liderança política tão expressiva venha a ter sua candidatura inviabilizada por causa de um problema desse tipo. Se os cartórios tardam em sua tarefa, parece injusto que se presuma, da parte dos organizadores da Rede, a má-fé de forjar as assinaturas requeridas.

Verdade que, quando da criação do PSD, de Gilberto Kassab, noticiou-se a ocorrência de assinaturas duplicadas, votantes defuntos e identidades fantasmáticas.

Se a legislação interpõe, assim, obstáculos na trilha de Marina Silva, nada a impede de pegar carona em algum partido de aluguel. Subsiste, entretanto, o paradoxo.

Sendo inegavelmente uma liderança autêntica, feita de outra fibra que a de tantos oportunistas que pululam na política brasileira, Marina Silva se vê colhida numa das muitas armadilhas do sistema.

Seu nome, exaltado nas pesquisas, é maior do que as organizações de que dispõe. Foi assim que, saindo do PT para entrar no PV, disputou as eleições de 2010. Dissociou-se rapidamente desse partido, a seu ver inautêntico.

Em torno de Marina reúnem-se ecologistas, economistas pós-liberais, evangélicos e iconoclastas. Sem desfazer do que representam da sociedade, é de perguntar se sua candidatura tem raízes reais, capazes de se organizarem num partido permanente --ou se prevalece apenas o carisma de uma pessoa buscando, como pode, uma legenda para candidatar-se.


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