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Ironias da oposição

Enquanto Marina Silva não tem um partido para disputar a eleição, Serra e Aécio se envolvem em mais um embate interno

Embora diversas, são igualmente peculiares as situações dos principais personagens que buscam lançar, nas eleições de 2014, uma candidatura de oposição à presidente Dilma Rousseff.

A condição de Marina Silva beira o surreal. Sufragada por quase 20 milhões de pessoas em 2010 e consolidada em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, com 26% das intenções de voto, a ex-senadora por enquanto não dispõe de um partido formalmente registrado para dar suporte a suas pretensões.

A Rede Sustentabilidade, nova legenda de Marina, ainda precisa ser reconhecida pelo Tribunal Superior Eleitoral até 5 de outubro, mas aliados da ex-senadora admitem que o prazo tornou-se exíguo.

Por essa razão, mesmo sem ter validado em cartórios eleitorais as 492 mil assinaturas necessárias para criar a agremiação, Marina protocolou no TSE o pedido de registro de seu partido. Ela quer que seu processo já comece a ser analisado, enquanto são verificados os apoios restantes.

Não há razão aparente para a solicitação ser rejeitada. Se é verdade que a Rede demorou a levar as assinaturas para serem certificadas, também é fato que os próprios cartórios têm tardado a finalizar o exame. Além disso, é inegável que Marina representa parcela expressiva da população --seu partido dificilmente constituiria simples legenda de aluguel.

Enquanto a ex-senadora se vê às voltas com obstáculos externos, os tucanos Aécio Neves e José Serra encontram suas dificuldades no ambiente interno do PSDB.

Sem que seja uma circunstância nova, a disputa doméstica traz uma característica "sui generis". Partido pouco habituado a realizar prévias, o PSDB agora ouve Aécio e Serra defenderem o instituto para que a sigla defina seu candidato à Presidência da República.

A decisão sobre realizar ou não prévias internas cabe a cada agremiação, mas é difícil não ver na consulta aos filiados um mecanismo capaz de ampliar o debate sobre programas e mitigar a influência de caciques nas decisões impostas de cima para baixo.

Aécio e Serra, no entanto, não estão imbuídos desse nobre espírito democrático. Enquanto o ex-governador de São Paulo parece interessado apenas em encontrar um discurso para sair do partido, o senador mineiro somente aceitou a proposta por saber que certamente sairia vencedor --ele é o atual presidente do PSDB.

Nesse caso, é Serra quem corre contra o relógio: se quiser trocar de partido, precisará encontrar novo abrigo até dia 5 de outubro.

Não deixa de ser irônico que, com esse jogo de cena, os dois contribuam para fazer das prévias um instrumento de reafirmação de suas postulações individuais.

O próximo mês será, portanto, decisivo para Dilma Rousseff conhecer quantos adversários de peso enfrentará em 2014.


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