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Carlos Heitor Cony

O sonho de 50 anos

RIO DE JANEIRO - Quando da passagem do século (2000-2001), alguns jornais me procuraram para saber qual, em minha opinião, era o personagem mais importante dos últimos cem anos. Muitos haviam votado em Churchill, Fleming, Kennedy e (um absurdo) até em John Lennon. Votei em Martin Luther King e acho que votei certo.

Carlos Eduardo Lins da Silva, na edição de domingo da Folha, publicou e comentou o discurso de 28 de agosto de 1963, peça antológica que ficou famosa com o título "I have a dream".

Perante milhares de pessoas em Washington, o pastor, que seria assassinado em 1968, condenou a segregação racial nos Estados Unidos e se ergueu a uma estatura humanista que colocou seu nome ao lado dos grandes vultos da história, como Sócrates, Cristo, Cícero, Montaigne, Gandhi, Rousseau e outros poucos.

Sócrates e Cristo nada deixaram escrito e, como Luther King, tiveram morte violenta. Mas em todos eles havia um tom panfletário, e lembro Zola com seu "J'accuse!", um brado pessoal que o levou ao Panthéon, onde repousa ao lado de Voltaire, outro que se levantou contra a injustiça humana.

No caso de Luther King, ele falou pela humanidade em todos os tempos passados e futuros. "Tenho um sonho de que um dia cada vale será elevado, cada colina e montanha será nivelada, os lugares acidentados serão aplainados, os lugares tortos serão endireitados, a glória do Senhor será revelada e todos os seres a enxergarão juntos."

E em outro trecho: "Tenho um sonho de que um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos de ex-escravos e os filhos de ex-donos de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da irmandade". E finalizou seu discurso com a letra de uma canção negra: "Livres, enfim! Livres, enfim! Louvado seja Deus Todo-Poderoso. Estamos livres, enfim!".


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