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Opinião

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Vinicius Mota

Faz-me rir

SÃO PAULO - O que dá vontade de rir? Eis uma pergunta cuja resposta pode ser difícil. Nossos avós gargalhavam das estripulias ingênuas de Carlitos, do Gordo e do Magro, dos Três Patetas. Eram personagens desajustados, deslocados pela modernização e pela urbanização.

Algo parecido cativava a garotada brasileira no início dos anos 1980, com "Os Trapalhões". As primeiras gerações de crianças nascidas em cidades inchadas deliciavam-se com a trupe de Renato Aragão, ele próprio oriundo do interior do Ceará.

Os adultos riam das caricaturas criadas por outro artista cearense, Chico Anysio, ou da paródia política "O Bem-Amado", da lavra de Dias Gomes, egresso do Partido Comunista Brasileiro. Eram os estertores da ditadura e de um arranque de 30 anos na economia, que transformara um país pobre e rural numa nação urbana de renda média.

A seguir, o mal-estar com a estagnação, a inflação e o início atribulado da democratização refletia nos tipos atualizados de Jô Soares alguma contrapartida humorística. A renovação da esquerda, mais afastada da influência soviética, encontrou no PT o seu representante --e em grupos de jovens humoristas, como o TV Pirata, uma parte de sua estética.

A decadência do "Casseta & Planeta" --que elegeu como alvos diletos os presidentes FHC e Lula-- talvez tenha marcado o fim da era dos programas humorísticos partilhados em escala nacional por diversas classes de renda. O riso agora está segmentado, seja na TV, seja na internet.

Fenômeno na rede, o grupo Porta dos Fundos fala de e para um mundo restrito. Seu universo é o da elite brasileira, a "velha classe média" de jovens brancos e bem nascidos.

A temática variada dispensa os assuntos públicos e a política, como regra, para recair em situações absurdas. É de um estilo de viver e pensar que estamos rindo. De um estilo em transformação, à medida que novos atores batem na porta da frente.


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