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Tênue linha síria

EUA e Rússia caminham para acordo diplomático a respeito de armas químicas usadas por Assad, o que pode evitar intervenção militar no país

Dois lances inauditos oferecem ao presidente Barack Obama uma rota de escape do impasse internacional em que suas próprias palavras o colocaram.

No ano passado, o presidente americano declarou que haveria uma "linha vermelha", um limite para intervir militarmente no conflito da Síria: o emprego de armas químicas, pelo regime de Bashar al-Assad, contra os insurgentes.

Confrontado com um ataque químico perpetrado na região de Damasco no fim do mês passado, Obama viu-se obrigado a agir. Para tanto, anunciou que pediria apoio ao Congresso de seu país.

A iniciativa, no fundo dispensável, criou nova armadilha para Obama. A maioria dos americanos rejeita a intervenção militar, e o Congresso parecia encaminhar-se para negar a solicitação do presidente.

Eis que, em entrevista coletiva em Londres, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou ser possível suspender a intervenção caso o ditador sírio entregasse à comunidade internacional, em uma semana, seu arsenal químico.

Para surpresa de muitos, a diplomacia russa, até então preocupada apenas em bloquear resoluções contra a Síria --o governo Putin é um dos poucos aliados de Assad na esfera internacional--, logo aceitou a sugestão.

Tornou-se oficial, com isso, uma tentativa de saída diplomática para o uso de gases tóxicos no conflito. A própria Síria manifestou interesse pela proposta e se diz disposta a fornecer informações sobre seu arsenal químico.

O grande desafio agora é colocar em prática o plano sugerido por Moscou, pelo qual as armas passariam para a custódia russa. Inspecionar e retirar o arsenal, de tamanho desconhecido e em meio a uma guerra civil, requer árduo planejamento, com alto grau de imprevisibilidade e sem prazo definido.

Dado o seu histórico, é plausível que o regime de Assad entregue apenas parte dos armamentos. Além disso, será difícil averiguar todos os grupos insurgentes, igualmente suspeitos de possuir armas químicas e também culpados de crimes de guerra --embora em menores proporções--, segundo relatório da ONU.

É de lamentar que o acordo não toque na questão central do conflito sírio, que já dura 2 anos e meio, com um saldo de 100 mil mortos e 2 milhões de refugiados no exterior.

O caminho para a paz, mais que longo, ainda é uma incógnita. Não deixam de ser bons sinais, contudo, a suspensão de uma ação militar norte-americana sem aval da ONU, alguma colaboração entre Rússia e EUA e a possibilidade de que as armas químicas sejam de fato retiradas da Síria.


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