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Opinião

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Cinco anos depois

A falência do banco Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, é tida como o principal marco da crise financeira. Foi a partir dela que o colapso do crédito nos EUA se espalhou pelo mundo, com um resultado conhecido: a pior recessão desde a década de 1930.

Muito se fez desde então para recuperar a economia global. Apesar de progressos nos países que estiveram no centro da crise, persistem fragilidades estruturais.

As causas do problema são hoje bem compreendidas, sendo a principal a bolha de crédito imobiliário nos EUA --cenário favorecido por uma regulação financeira frágil.

Uma vez estourada, autoridades buscaram agir com firmeza para conter danos. Bancos centrais dos países desenvolvidos baixaram os juros a quase zero e injetaram trilhões de dólares nos mercados para evitar um efeito dominó. Em paralelo, exigiram que os bancos levantassem capital, algo bem-sucedido ao menos nos EUA.

Houve menos progresso, porém, na regulação financeira. É duvidoso que seja coibido o tipo de excesso que levou à crise. Em certa medida, a concentração bancária até aumentou, o que é um problema --os bancos continuam "grandes demais para quebrar", isto é, para não serem salvos com recursos públicos se isso for necessário.

No âmbito global, as prometidas reformas ficaram pelo caminho. O G20, por exemplo, aprovou a duplicação do capital do FMI, mas a decisão não foi levada a cabo.

No geral, as economias centrais retomaram o crescimento. Mas, em muitos casos, o PIB não voltou ao nível pré-crise, e o desemprego é elevado. Quanto aos emergentes, a saída da recessão foi rápida, como no caso do Brasil e da China, mas ao custo de maiores desequilíbrios.

Um efeito da política de juros próximos de zero nos EUA e na Europa foi o aumento do fluxo de capitais para os emergentes, o que valorizou suas moedas e reforçou o crescimento do crédito.

De resto, quando o "modelo liberal ocidental" foi colocado em xeque pela crise, muitos países adotaram o curso do intervencionismo estatal e do afrouxamento das contas públicas. No caso brasileiro, vê-se o resultado: acúmulo de pressões inflacionárias, deterioração das finanças públicas, choque de custos internos e redução do crescimento.

Será um desafio lidar com o reequilíbrio do fluxo de capitais global quando os juros forem normalizados nos EUA. Se as instituições multilaterais estarão mais preparadas --e se serão tão flexíveis como no financiamento à periferia europeia-- é algo em aberto.


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