Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Vinicius Mota

Nunca se acaba

SÃO PAULO - O STF está a um voto de reforçar nos brasileiros a impressão de que, para ricos e poderosos, há meios em cópia de protelar a consumação da Justiça. Não se trata só de validar um recurso para que 12 réus tenham direito a novo juízo em casos cuja condenação se deu por maioria apertada.

Trata-se de suspender, sabe-se lá até quando, a execução de todas as penas desses 12 réus, mesmo da parcela da punição da qual não cabe mais recurso.

Marcos Valério foi condenado a 40 anos na prisão. Livrando-se do crime de quadrilha, que será revisto caso o ministro Celso de Mello confirme a inclinação pelo recurso, a reclusão cairia para 37 anos.

Valério não tem como evitar o regime fechado, aplicado aos condenados a mais de 8 anos. Mas não será preso até que seja julgado novamente por quadrilha.

O advogado de Valério não torcerá pela sua absolvição no segundo julgamento. Almejará a condenação parcial, com ao menos quatro votos dissidentes. Assim, poderá pleitear novo embargo infringente, a fim de postergar uma vez mais a execução penal.

Para os defensores de José Dirceu, João Paulo Cunha e Delúbio Soares, a absolvição do crime de quadrilha interessa, pois o trio petista assim escaparia do regime fechado de prisão. Mas uma condenação apertada tampouco seria o final do jogo.

Eis o labirinto em que o Supremo está prestes a se meter. Julgamentos que nunca se acabam. Cumprimento de penas postergado à exaustão. Absolvições, na prática, arrancadas por minoria de votos.

O tribunal teria mostrado mais equilíbrio se tivesse definido penas menores na fase anterior, mas fosse inflexível agora, colocando um ponto final nessa história.

Frustraria a média da opinião pública na sua sede de cadeia. Mas honraria seu desejo por uma Justiça que responda em tempo hábil aos escândalos nacionais.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página