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Opinião

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Encontro marcado

O Fed, banco central dos Estados Unidos, prorrogou o programa de estímulo monetário que vem implementando desde o final de 2008. Mais do que isso, informou que a princípio pretende manter taxas de juros de curto prazo excepcionalmente baixas até o final de 2016.

Tal decisão frustrou expectativas criadas desde maio pelo próprio Fed e invalidou provisoriamente estimativas de altas adicionais dos juros de mercado nos EUA. Os efeitos foram sentidos em ações, moedas e juros pelo mundo.

O mero fato de grandes investidores, "os mercados", terem antecipado o fim da política de estímulo monetário elevara as taxas de juros americanas. Foi um terremoto com visíveis efeitos secundários, como a alta do dólar no Brasil.

O programa de incentivo ao crescimento econômico do Fed teve como objetivo baixar as taxas de juros de longo prazo. Assim, o banco central americano reduziu o custo de financiamento de negócios e criou condições para a oferta de mais crédito às empresas.

Um efeito extra dessa política foi a valorização de ativos financeiros por todo o mundo. O excesso de capital foi dirigido, por exemplo, à compra de ações, a empréstimos para economias menos desenvolvidas e à especulação com moedas e juros de países emergentes. Desse modo, o real também se valorizou e foi possível uma redução das taxas de juros no Brasil.

O início do longo caminho de volta à normalidade monetária não poderia deixar de provocar mudanças fundamentais na economia e no mercado financeiro internacionais. O capital será cada vez menos abundante. Assim, vai se tornar mais difícil o financiamento de dívidas e excessos de consumo, como os de países com grandes deficit externos (resultado de importações maiores que exportações). Um deles é o Brasil.

O encontro com a normalização é inevitável. O Fed postergou sua decisão por lhe parecer ainda frágil o crescimento da economia americana. Pode mudar de ideia de modo súbito nos próximos meses.

O tumulto decorrente dessa expectativa provocou os danos conhecidos no Brasil e em outros emergentes: depreciação das moedas, maior risco de inflação e de dificuldades de financiamento.

Tal processo não precisa voltar a ser tão caótico, mas suas consequências ainda serão a princípio dolorosas para economias com desequilíbrios, como a brasileira.

O país teria mesmo de corrigir seus excessos de gasto público, inflação e deficit externo crescente. A normalização monetária americana tende a impor tal disciplina.


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