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Opinião

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Atenção ao alerta

Um dos primeiros a falar sobre riscos de crise global, economista sugere que países promovam ajustes antes da alta de juros nos EUA

A decisão do Fed, banco central dos EUA, de prorrogar seu programa de estímulo monetário trouxe alívio aos mercados internacionais. As moedas de países emergentes voltaram a se valorizar, estabelecendo-se certa tranquilidade.

O filme será mais longo, mas o final não mudará: os juros nos EUA subirão nos próximos anos, em função da recuperação de sua economia. Como o dólar ocupa lugar central do sistema monetário global, todos os países devem se preparar para o fim do período de juros internacionais próximos de zero que vigora desde 2009.

O presidente do Banco Central da Índia, Raghuram Rajan, adotou esse diagnóstico ao anunciar uma alta nos juros do país, na semana passada, no intuito de combater a instabilidade cambial e reduzir pressões inflacionárias.

Para ele, o prolongamento dos estímulos americanos não deve ser mal utilizado. É preciso aproveitar a ocasião a fim de criar as melhores condições possíveis para que a economia indiana tenha menos sobressaltos depois. Trata-se de restaurar o equilíbrio orçamentário, reduzir o deficit nas contas externas e acelerar o crescimento.

Rajam, ex-economista-chefe do FMI, é reconhecido por ter sido um dos primeiros a alertar para os riscos da euforia imobiliária, ainda no ano de 2005.

Afirmou na época que a securitização --processo mediante o qual bancos repassam carteiras de crédito para investidores, que nos EUA chegou a trilhões de dólares-- e a falta de regras prudenciais tornavam o sistema financeiro mundial mais sujeito a crises.

Sua interpretação foi rechaçada pela maioria, mas se mostrou correta dois anos depois. Seu alerta de agora torna-se mais relevante.

Por isso é saudável que o governo brasileiro comece a se mostrar disposto a reverter, ainda que de forma tardia, algumas das ações de estímulo adotadas para combater a crise.

Entre elas estão o crescimento do gasto e do crédito públicos --este foi de 33% a 50% do total de empréstimos no Brasil desde 2008.

Uma das consequências dessa expansão foi o aumento da dívida pública em cerca de 9,5% do PIB no período. As agências de classificação de risco ameaçam rebaixar a nota de crédito do país caso o governo não cesse suas intervenções.

Outros efeitos colaterais foram o crescimento da inflação e do deficit nas contas externas --fatores que pesaram para a confiança na economia diminuir nos últimos anos.

É bom o governo reconhecer a necessidade de mudar de rumo. Sem que as palavras se transformem em ações, contudo, todo ceticismo é pouco --sobretudo em ano eleitoral-- diante de um governo até aqui perdulário com as contas públicas.


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