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Haddad na catraca

O que impede políticos brasileiros, em especial os de grandes cidades, de usar transporte coletivo em seus deslocamentos diários?

Durante sabatina da rádio CBN, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou que até gostaria de usar ônibus para ir de casa ao trabalho, mas não o faz por questão de segurança.

Trata-se, sem dúvida, de aspecto a ser considerado. Há mais, porém: atrasos, superlotação e má conservação dos veículos contribuem para tornar a viagem de ônibus mais desconfortável que a de carro.

Como a empregada doméstica Bernadete de Nazaré Alves Oliveira resumiu na edição de domingo desta Folha, "para quem leva pisão no pé, mão-boba e encoxada, um fusquinha seria o paraíso".

São Paulo decerto não é Amsterdã, onde o prefeito Eberhard van der Laan desloca-se de bicicleta. Seria possível argumentar, no caso da capital holandesa, que a cultura local e as dimensões da cidade --são pouco mais de 800 mil habitantes-- facilitam o uso desse meio de transporte.

Mas o que dizer de Londres e Nova York, ambas cidades extensas, com milhões de habitantes?

Na capital britânica, o prefeito Boris Johnson tornou-se um dos maiores entusiastas do ciclismo como forma de deslocamento urbano. Quando não utiliza sua bicicleta, opta pelo transporte público para ir à prefeitura.

Também os vereadores da cidade são estimulados a usar a ampla rede de metrô, trem e ônibus. Recebem um vale-transporte anual e são lembrados de que a opção pelo transporte público é compromisso inerente ao cargo que ocupam.

Em Nova York, desde janeiro de 2002, o prefeito Michael Bloomberg aderiu ao uso do metrô com alguma frequência para ir ao trabalho.

Fernando Haddad não perderia muito tempo de seu dia se seguisse o exemplo de seus colegas. O jornal "Agora" calculou a duração do trajeto de ônibus, incluindo espera do coletivo e deslocamentos a pé: seriam 32 minutos, contra 16 minutos de carro.

É duvidoso que Haddad queira levar a sério sua declaração. A utilização do transporte coletivo pelo prefeito tampouco resolveria, num passe de mágica, as muitas dificuldades impostas aos usuários de ônibus --e que não se resolvem com faixas exclusivas pintadas no asfalto. A iniciativa teria, ainda assim, inegável efeito simbólico.


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