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Paula Cesarino Costa

O poço do Visconde

RIO DE JANEIRO - "Que é digressão, Visconde?", pergunta Pedrinho.

"É sair do assunto principal, como nós saímos...", ensina o Visconde de Sabugosa no terceiro capítulo de "O Poço do Visconde", clássico prenunciador de Monteiro Lobato, ao justificar por que falava de ar e pressão atmosférica quando explicava o que é petróleo.

As discussões sobre o primeiro leilão de um poço do pré-sal --razão de preocupação da presidente Dilma Rousseff, de ansiedade do mercado e de sofrimento para nacionalistas e sindicalistas-- parecem às vezes menos instrutivas do que a conversa do Sabugosa com as crianças do sítio do Pica-Pau Amarelo.

Polemista e crítico severo do atraso do país, o escritor fez do livro infantil, lançado em 1937, parte de sua campanha pela exploração do petróleo.

É leitura dominical ideal para a véspera do leilão do campo de Libra, na bacia de Santos, que tem reservas estimadas entre 8 e 12 bilhões de barris.

Muito antes da abertura do primeiro poço de petróleo no Brasil, o Visconde explicava que os brasileiros "bobamente" não exploravam petróleo por causa da ação e do interesse de companhias estrangei- ras "espertalhonas".

Lobato teve empresa que buscava extrair petróleo. Faliu. Crítico da política de exploração de Getúlio Vargas, sofreu a censura do seu livro "O Escândalo do Petróleo", em que denunciava a venda de segredos do subsolo a empresas estrangeiras. Foi preso.

"No dia em que o Brasil passar de comprador a vendedor de petróleo, então deixaremos de ver essa coisa tristíssima de hoje --milhões de brasileiros descalços, analfabetos, andrajosos-- na miséria. O Brasil tem todos os elementos para tornar-se um país riquíssimo --mas riquíssimo de verdade, e não, como hoje, apenas rico de possibilidades'-- ou de garganta'", sentenciou o Visconde.

O "país do futuro" continua rico em "possibilidades". Agora é o pré-sal.


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