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Hélio Schwartsman

Balcão de empregos

SÃO PAULO - Deu na Folha que, ao contrário do que determina a lei nº 5.991/73, cerca de metade das 97 mil farmácias e drogarias do país funcionam sem um farmacêutico em tempo integral. Em 10% delas, a ausência desse profissional é crônica.

Para a Abrafarma, que reúne os empresários do setor, há um deficit de farmacêuticos, que a associação estima ser da ordem de 30 mil. Já para o Conselho Federal de Farmácia, o número de profissionais é adequado; o problema é o excesso de pontos de venda, que já seria bem maior do que o necessário.

Não discordo de nenhum dos dois diagnósticos, mas proponho uma reflexão alternativa. É de fato necessário que haja um farmacêutico de plantão durante todo o tempo que o estabelecimento permanece aberto?

Há cem anos, essa questão nem se colocava. Sem o farmacêutico, que aviava ou fracionava pessoalmente cada medicamento prescrito, não havia sequer como operar o negócio. Mas o mundo mudou e, especialmente no Brasil, as drogas já são produzidas e embaladas pelos laboratórios em doses e quantidades preestabelecidas. O farmacêutico mal encosta nas cartelas de comprimidos. Não é uma coincidência que 54% da população não consigam distingui-lo dos balconistas.

Enquanto o mundo inteiro discute como modernizar a profissão de farmacêutico, integrando-o às equipes multiprofissionais de saúde e buscando novas atribuições que deem relevância à atividade e ajudem a otimizar a segurança e a eficácia das terapias medicamentosas, no Brasil preferimos apostar na velha fórmula cartorial-corporativista de usar o poder do Estado para editar uma lei e, assim, de um golpe, criar milhares de empregos cativos, pouco importando se isso agrega algo aos cidadãos. É essa mentalidade que precisamos mudar. Sabemos que um serviço profissional é bom quando as pessoas desejam contratá-lo, não quando ele nos é imposto por decreto.


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