Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Conceda-se o parque

À medida que cresciam, algumas cidades reservaram ao lazer e ao paisagismo generosas fatias ao longo de seus veios d`água canalizados. Pouparam da exploração imobiliária outras áreas bem situadas, de porte compatível com a metrópole que se espraiava.

Em São Paulo, com modestas exceções, construíram-se avenidas e ruas coladas às franjas edificadas, sem respiro. Remediar os efeitos desse vale-tudo diante do fato consumado, com 11 milhões de pessoas instaladas, é sempre difícil e caro, como demonstra o debate acerca do parque Augusta.

No final do ano, o prefeito Fernando Haddad (PT) sancionou a lei que autoriza a criação de um parque num terreno de 25 mil metros quadrados no início da rua Augusta, região central da capital com notória escassez de áreas verdes para lazer. Mas o alto valor da desapropriação do terreno --estimado em até R$ 100 milhões-- interpôs-se como principal entrave entre a boa intenção e a realidade.

A finança municipal entrou em 2014 ainda mais apertada do que a prefeitura previa. O aumento do IPTU acima da inflação foi barrado na Justiça, e o governo federal congelou a discussão para abater a dívida paulistana, o que possibilitaria à cidade tomar mais recursos emprestados para investir.

Ainda que houvesse dinheiro, não deixaria de ser questionável despender esse montante no parque Augusta, diante de outras prioridades de gasto. Com a mesma verba, por exemplo, podem-se construir três CEUs (Centro Educacional Unificado), que congregam ensino, lazer, esporte e cultura.

A melhor solução parece ser a concessão da área para que a iniciativa privada, em troca da exploração de fatia minoritária do terreno, se encarregue de implantar e manter um parque público, aberto a todos. A ideia foi levantada por um de seus proprietários, uma construtora interessada em erguer ali duas torres de 100 metros de altura cada uma.

O poder público não precisa --nem deveria-- aceitar os termos iniciais da companhia. As autoridades precisam estabelecer as compensações e restrições devidas. À prefeitura caberia, por exemplo, tentar diminuir o número de salas, apartamentos e garagens no local, além de aumentar a área do parque em detrimento da particular.

Até uma concorrência poderia ser estudada. Com a competição, é de esperar que o interesse público de criar um parque aprazível naquela região concretada da capital seja mais bem atendido.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página