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Opinião

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Hélio Schwartsman

Pedofilia na igreja

SÃO PAULO - A ONU divulgou um relatório em que critica o Vaticano pelo modo como lida com os casos de pedofilia envolvendo padres.

A primeira coisa que chama a atenção é a concentração e a amplitude das denúncias. Ou a Santa Sé é vítima de uma campanha difamatória da mídia e das autoridades de diversos países, ou há uma especificidade na Igreja Católica que a torna mais propensa a essas ocorrências.

Como falamos não de uma, mas de dezenas de democracias estabelecidas, acho que dá para descartar a hipótese de que a igreja sofra perseguição. Também acredito que podemos rejeitar razões doutrinárias. Se há algo de que o Vaticano não pode ser acusado é de ser tímido na condenação que faz do sexo em geral e do homossexualismo em particular.

A resposta, assim, parece estar nos costumes da igreja. O celibato exigido aos sacerdotes desponta como suspeito natural. É justamente essa prática que distingue o catolicismo das maioria das outras religiões.

A exigência de que padres não se casem, afinal, oferece a pedófilos uma espécie de fachada perfeita. O celibato legitima e confere elevado status social à vida de solteiro e ainda proporciona a oportunidade de interagir com jovens numa posição de poder. Não por acaso, outras atividades que atraem pedófilos são as de professor, pediatra, instrutor esportivo, chefe de escoteiros etc.

Outro aspecto a considerar é que o celibato reduz a oferta de candidatos a sacerdote. Não há tanta gente assim disposta a prometer que renunciará para sempre ao sexo. Isso acaba limitando a possibilidade de a igreja fazer uma boa triagem psicológica dos futuros padres. E é também essa relativa carência de potenciais sacerdotes que ajuda a explicar por que o Vaticano foi tão longe ao proteger os suspeitos de pedofilia. Quanto mais difícil é despertar vocações, mais importante se torna para a igreja preservar os padres que já atuam, mesmo que isso signifique ir contra os fiéis.


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