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Opinião

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Feridas da Guerra Fria

O encontro entre dirigentes da China e de Taiwan, ocorrido nesta semana, em Nanquim, revestiu-se de simbolismo histórico por ter sido o primeiro diálogo oficial entre os dois países desde o fim da guerra civil, em 1949. Na realidade, contudo, as duas partes já estreitavam laços econômicos e buscavam entendimentos nos últimos anos.

As relações tornaram-se mais amistosas a partir de 2008, com a eleição de Ma Ying-jeou para a Presidência da ilha, que tem 23 milhões de habitantes --no continente, vivem 1,4 bilhão.

Favoreceu a reaproximação a perspectiva mais conciliadora e pragmática do governo de Ying-jeou. Em 2010, as duas partes firmaram um acordo comercial por intermédio de organizações não oficiais, que se tornaram o principal canal de diálogo.

O fluxo comercial dobrou desde 2008, chegando a US$ 197 bilhões em 2013. Para comparação, a corrente entre Brasil e China foi de US$ 77 bilhões no mesmo período.

Taiwan também tornou mais flexíveis as regras para viajantes. Recebeu cerca de 3 milhões de visitantes do continente no ano passado.

Em que pesem ressentimentos e dificuldades, o processo de entendimento parece um caminho natural. Passadas mais de seis décadas desde a tomada do poder pelas forças lideradas por Mao Tse-tung (quando cerca de 2 milhões de nacionalistas se refugiaram na ilha), o cenário mudou radicalmente.

A China abraçou o capitalismo de Estado e se tornou a segunda potência econômica do planeta. Sua força gravitacional se revela irresistível na região, e não há como Taiwan se manter à parte dessa realidade. A reintegração de Hong Kong em 1997, como região administrativa especial, já havia sido, aliás, um sinal dos novos tempos.

Situações análogas, com características próprias, também surgiram em outras regiões do mundo, em decorrência da Segunda Guerra e do avanço do socialismo real. O caso da reunificação da Alemanha, em 1990, foi a primeira grande evidência da mudança de ventos.

Também as difíceis relações entre as Coreias podem passar em breve a uma fase menos ameaçadora. A exemplo de China e Taiwan, os dois países iniciaram conversações em alto nível.

Difícil saber os efeitos práticos dessas reconciliações --por exemplo, se haverá reunificações ou não. Mas não deixa de ser alvissareiro que graves feridas da Guerra Fria comecem a cicatrizar.


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