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Opinião

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Enxugando gelo

Pouco mais de 20 anos separam a recente prisão do narcotraficante mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán da morte do colombiano Pablo Escobar, em dezembro de 1993.

Responsáveis por milhares de assassinatos em confrontos com rivais ou forças de segurança, ambos se valeram de agentes infiltrados no aparato estatal, viveram muito tempo na clandestinidade e deixaram como legado gigantescas estruturas multinacionais de produção e distribuição de drogas.

À medida que acumulavam dinheiro e poder, passavam a figurar tanto nas listas dos mais procurados dos EUA como na dos mais ricos do mundo da revista "Forbes".

Duas décadas de políticas repressivas não impediram que as trajetórias de Escobar e Guzmán tivessem tais semelhanças. Estas, aliás, reforçam a percepção de que a necessária e desejável captura de chefes do narcotráfico não traz ganhos proporcionais aos custos e esforços envidados.

O fim de Escobar contribuiu para a redução da violência na Colômbia. O país, entretanto, ainda é o maior produtor de cocaína do mundo, com o aparato criminoso repartido entre quadrilhas menores, muitas das quais associadas às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

A experiência colombiana por certo conteve a euforia mexicana após a prisão de Guzmán. Além disso, muitos analistas questionam se a detenção teria ocorrido sem a ajuda dos EUA; outros afirmam que a disputa pelo espólio do "capo" fará crescer a mortandade.

Os números da guerra à droga no México são assustadores: de 2007 a 2012, registraram-se 121 mil mortes violentas --Guzmán admitiu estar envolvido em "apenas" mil ou 2.000 assassinatos. A despeito desse ambiente inóspito, estima-se que o narcotráfico empregue ao menos 450 mil pessoas no país.

Sendo irreal a hipótese de que todas terminem presas, é preciso reconhecer que, por essa via, a luta não será vencida. Daí por que deve ser vista com bons olhos a iniciativa da Cidade do México de estudar medidas para flexibilizar a legislação sobre a posse e a venda da maconha, a exemplo do Uruguai e de alguns Estados americanos.

É urgente discutir, em fóruns nacionais e internacionais, a substituição da atual ênfase na repressão pela ótica da saúde pública. Sem isso, sempre haverá um novo Guzmán para ascender como um velho Escobar --pois o negócio do narcotráfico continuará produzindo enormes lucros e milhares de mortos a cada ano.


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