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Opinião

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Nem depois do Carnaval

É um lugar-comum dizer que o ano, no Brasil, começa de fato somente depois do Carnaval. Vai nessa afirmação, sem dúvida, boa dose de exagero, sobretudo quando os festejos são comemorados em março. Mesmo os congressistas, dificilmente associados ao trabalho duro, começaram sua rotina parlamentar um mês atrás.

Talvez por essa razão, como se quisessem compensar o suposto sacrifício, deputados e senadores planejam ter ao longo de 2014 cerca de seis meses de atividade legislativa. Mas o salário deles, de R$ 26,7 mil, não sofrerá redução proporcional, e serão mantidas as inúmeras regalias ligadas ao cargo.

Numa tentativa de justificar tamanha afronta a todos os trabalhadores, os parlamentares lembram que este será um ano atípico. Aos mais de 60 dias de recesso formal, feriados e pontos facultativos de que normalmente desfrutam serão somados os períodos de Copa do Mundo, convenções partidárias e campanhas eleitorais.

Definido com líderes de outras agremiações, o calendário distribuído pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), estabelece que, de junho a outubro, haverá diminuição drástica no ritmo de trabalho da Casa.

Em junho, por exemplo, os senadores estão convocados para uma semana de votações. Depois, serão liberados para eventos de suas legendas e para acompanhar partidas do Mundial de futebol. Além dos inevitáveis jogos do Brasil, destacam-se na agenda apresentada confrontos como Portugal x Gana e Suíça x Equador.

Em agosto e setembro haverá apenas duas semanas de atividades, uma em cada mês. O restante do tempo poderá ser dedicado às campanhas eleitorais, no chamado recesso branco.

Embora eleitos pelo povo e pagos com recursos do contribuinte, os parlamentares parecem não se constranger com a ociosidade. A Câmara, tão à vontade com o fato de o Legislativo ficar às moscas, vai aproveitar o segundo semestre para reformar o plenário.

Será isso que os deputados chamam de reforma política? Ironias à parte, enquanto os congressistas se preocupam com o cronograma de folgas, a população aguarda a votação de importantes projetos, como o Marco Civil da Internet.

Como regra, infelizmente, senadores e deputados não demonstram grande apreço pela missão que lhes foi confiada. Preferem aprovar a gazeta oficial.


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