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Hélio Schwartsman

Berço e destino

SÃO PAULO - Num livro que está dando o que falar, o economista Gregory Clark sustenta que a mobilidade social é bem menor do que suspeitávamos e que isso vale tanto para a politicamente correta Suécia como para a Índia das castas. As implicações dessa tese, como o leitor pode suspeitar, são profundas, trazendo elementos para repensar quase tudo, desde políticas tributárias até a noção de meritocracia, passando pelas ações afirmativas.

Em "The Son Also Rises", Clark introduz um novo método de aferir mudanças sociais. Em vez de avaliar o que ocorre de uma geração para a outra, como fazem as técnicas convencionais, preferiu olhar o longo prazo. Valendo-se de sobrenomes e de bases de dados que permitem averiguar o perfil socioeconômico de seus portadores, pôde verificar o que ocorre ao longo dos séculos. A vantagem dessa lente é que ela é menos sensível a variações ditadas pelo acaso, como o filho do empresário que preferiu ser artista ou o jovem pobre especialmente talentoso.

A boa notícia é que a tendência geral é de convergência. As elites tendem a tornar-se menos poderosas e as classes populares tendem a melhorar. A má é que essa regressão à média ocorre em horizontes dilatados, que variam de 300 a 450 anos. Medidas fortes como educação gratuita e compulsória, impostos progressivos, cotas e mesmo eventos históricos como as revoluções científica e industrial não parecem ter alterado dramaticamente esse quadro.

Boa parte do livro é dedicada à exposição técnica e metódica dos dados coletados em oito países bastante diversos, o que torna a leitura até meio aborrecida. Mas Clark reserva capítulos para detalhar suas hipóteses, que se apoiam bastante na biologia, e discutir o que elas significam. Vamos ver se seus cálculos sobrevivem às críticas metodológicas que fatalmente virão. Ainda levaremos algum tempo para digerir isso tudo. É um livro polêmico e parece sólido.


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