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Um ano sem Chávez

Na quarta-feira, aniversário da morte de Hugo Chávez, o popular site humorístico da Venezuela "El Chigüire Bipolar" (a capivara bipolar) trouxe este chiste: "Hoje, faz um ano que você disse: Qualquer coisa é melhor do que Chávez'. Infelizmente, não estava certo".

A piada reflete a percepção generalizada entre os venezuelanos, oposicionistas ou não, de que o presidente Nicolás Maduro tem agravado os muitos problemas deixados por seu antecessor.

As circunstâncias em que Maduro foi eleito pouco lhe aproveitam. Vitorioso nas urnas graças à comoção pela morte de seu padrinho político, o mandatário não tem forças para contrariar a fórmula chavista, embora esta afunde a Venezuela em sua crise econômica.

Maduro assiste impotente à inflação mais alta da América Latina --56% no ano passado-- e ao crônico e crescente desabastecimento de produtos básicos.

Atado a uma receita de dependência do petróleo, o presidente venezuelano dificilmente adotará necessárias medidas de austeridade, como a redução do gasto público. Ainda mais distante está um consenso mínimo com a oposição e o setor privado em torno de um programa econômico.

No começo do ano, um titubeante Maduro tentou aumentar o preço da gasolina, hoje a mais barata do mundo --R$ 0,01 o litro, na conversão pelo câmbio paralelo. Mas a medida, impopular, foi adiada pela onda de protestos. Contra estes, aliás, a resposta oficial tem sido o arbítrio e a truculência; ao menos 20 pessoas foram mortas.

Sem conseguir sair da arapuca em que se meteu, o herdeiro de Chávez vale-se do que parece ser sua única estratégia para a economia: comprometer cada vez mais a produção petrolífera em troca de vultosos créditos da China. Ontem, Caracas anunciou mais US$ 5 bilhões oriundos de Pequim.

Desde 2007, quando assinou o primeiro grande empréstimo com o governo chinês, a Venezuela acumula dívida com o gigante asiático que supera os US$ 50 bilhões. Após o fim da escalada do preço internacional do petróleo, são esses recursos que alimentam o desvario econômico dos chavistas. O esquema é insustentável a longo prazo.

Vê-se por que Nicolás Maduro, cujo mandato vai até 2019, provoca crescente nostalgia dos tempos de Hugo Chávez --mesmo entre os venezuelanos da oposição.


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