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Opinião

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G8 menos um

Numa represália que já havia sido cogitada, a Rússia foi suspensa do G8, grupo que congrega as sete maiores economias do mundo e, desde 1998, acolhia Moscou como convidada. Marcada para junho na cidade russa de Sochi, a próxima reunião desses países terminou cancelada.

A medida, capitaneada pelos Estados Unidos, incorpora-se ao conjunto de sanções que os aliados ocidentais impuseram ao Kremlin depois da anexação da Crimeia.

O referendo convocado para decidir os destinos da península foi arrancado a fórceps. É forçoso reconhecer, por outro lado, os fortes laços que unem a região --e, em menor grau, a Ucrânia-- à Rússia.

Embora a atuação de Moscou seja abusiva, a anterior associação da Crimeia a Kiev foi um ato imperial da antiga União Soviética, oficializado numa breve reunião do Comitê Central do Partido Comunista, em 1954. Para os moradores da Crimeia, sempre prevaleceram os vínculos com a Rússia.

As reprimendas dos EUA e da Europa são o sinal que podem dar ao Kremlin sobre eventuais aventuras expansionistas em outros territórios. Ontem, o presidente americano, Barack Obama, descartou mais uma vez o uso de força militar, mas deixou claro que a Otan (o pacto de defesa ocidental) reagirá em caso de ameaça a algum de seus países-membros.

Nos EUA, onde a política externa tem expressiva repercussão doméstica, episódios dessa natureza nunca são simples imbróglios internacionais. Obama é acusado de "fraqueza" pela oposição, e mesmo seus correligionários concordam que ele cometeu equívocos ao lidar com a situação na Síria.

O presidente age a fim de demonstrar iniciativa e firmeza, mas ao mesmo tempo descarta a tese, defendida por oponentes, de que a Rússia representa ameaça aos EUA.

Pesquisa recém-divulgada sugere que Obama encontra algum respaldo na opinião americana. A maioria (56%) não quer "muito envolvimento" no caso, enquanto 28% esperam "ações firmes" e 8% acreditam que os EUA deveriam considerar a "opção militar".

As relações comerciais da Rússia com a Europa e a importância estratégica do país, que é membro do Conselho de Segurança da ONU e interlocutor dos governos do Irã e da Síria, não podem ser desconsideradas --e contribuem para evitar confrontos.

O endurecimento retórico de Obama soa mais voltado ao público interno, já que a anexação da Crimeia parece irreversível.


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