Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Jairo Arenazio

O mito do hormônio na carne de frango

O frango consumido hoje pelos brasileiros é fruto de melhoramento animal com sofisticados programas de seleção genética

A exemplo do superado mito do colesterol do ovo, o mito do hormônio na carne de frango é mais uma inverdade nociva. A propagação de um dado tão alarmante pode mudar os hábitos alimentares da população, prejudicando sua saúde.

O suposto efeito anabolizante do hormônio na carne de frango, além de absurdo, é ilegal e impraticável. São quatro as principais evidências para que o mito caia por terra.

Em primeiro lugar, qualquer tipo de hormônio carece de um tempo de latência para sua atuação e resposta funcional em um organismo vivo. Geralmente, esse tempo varia entre 60 e 90 dias. Atualmente, as aves são abatidas e processadas com 42 a 50 dias de vida. Não há tempo hábil para que os tais hormônios de que tanto se fala produzam qualquer efeito ou reação no corpo do frango.

Outro aspecto importante é que o hormônio, por ser uma molécula de proteína, caso seja ingerido pelo animal, será quebrado em várias pequenas moléculas pelas enzimas de seu aparelho digestivo. Assim sendo, o hormônio se degradaria e perderia sua característica física, o que descarta qualquer possibilidade de administração por via oral (pela ração ou água de bebida).

Um terceiro ponto a se considerar é que a substância tampouco poderia ser administrada da forma mais comum, a injetável. Se considerarmos que a indústria trabalha com populações grandes, de 30 mil a 150 mil aves por lote, não há, por razões práticas e operacionais, a possibilidade de se injetar hormônios nos plantéis de frango.

A última razão é que não há disponível no mercado mundial qualquer produto comercial com função hormonal para uso em avicultura.

O frango consumido pelos brasileiros é fruto do importante trabalho de melhoramento animal com sofisticados programas de seleção genética para garantir progressos constantes em performance e rendimento do frango.

O frango de hoje tem ótimo ganho de peso e conversão alimentar, ou seja, come menos a cada ano para produzir a mesma quantidade de carne à mesma idade. O trabalho realizado com as aves pedigrees nos Estados Unidos e na Europa é continuado no Brasil, a fim de imprimir, todos os anos, ganhos progressivos e constantes.

A seleção de aves nesses termos gera um ganho médio de 50 gramas ao ano por ave, além da redução de 40 a 50 gramas no consumo de ração para cada frango. Para se ter uma ideia, em 1960 se processava um frango com 90 dias de idade com um peso médio de 1,5 kg. Atualmente, o frango é processado com os mesmos 1,5 kg, aos 30 dias de idade. Em resumo, a cada ano, a ave é abatida para o mesmo peso com um dia a menos, tendo consumido 50 gramas de ração a menos.

Por todas as razões técnicas, científicas, práticas e econômicas expostas, fica claro que o hormônio na carne de frango não passa de um mito que precisa ser derrubado. Por todas as suas propriedades organolépticas (sabor e textura), pela qualidade da proteína, a fácil digestibilidade e o baixo teor de gordura, a carne de frango, que hoje perde apenas para a suína no ranking das mais consumidas no mundo, deve alcançar o topo entre 2025 e 2030.

Maior exportador de frango no mundo, o Brasil é referência nesse mercado. Devemos continuar entregando produtos de qualidade, sem lendas, mitos e empirismos.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página