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Opinião

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Espera surrealista

Arrasta-se há anos o projeto de restauro e revitalização da Vila Itororó, conjunto arquitetônico formado por um palacete e 37 casas, no bairro do Bixiga, em São Paulo. A chamada "Vila Surrealista", com seu estilo eclético e extravagante, data de 1922 e foi tombada pelo Estado em 2005.

Em janeiro do ano seguinte, o então prefeito José Serra anunciou que o local seria recuperado e transformado em polo cultural. A inauguração ficou prevista para meados de 2007.

Passados oito anos desde o anúncio, a intervenção urbanística ainda está por começar. O processo de desapropriação e remoção dos moradores revelou-se mais complexo e polêmico do que previsto.

Moradores recorreram à Justiça, alegando usucapião. Urbanistas acusaram a prefeitura de querer "higienizar" o local, destituindo-o da função primordial de moradia.

Considerada a primeira vila urbana da cidade, a Vila Itororó (nome de um riacho da região) foi construída pelo português Francisco de Castro com restos do Teatro São José, que sofreu incêndio em 1898. Colunas, esculturas e vitrais da casa de espetáculos resultaram no perfil arquitetônico inusitado.

O empreendedor imaginara um lugar de convivência que lhe assegurasse rendimentos. Morava no palacete, onde fez construir a primeira piscina privada de São Paulo, e recebia aluguel dos inquilinos das 16 casas do projeto original.

Em 1930, com a morte de Francisco de Castro, que não deixou herdeiros, a vila foi entregue a uma sociedade beneficente. Com o tempo, foi descaracterizada e se transformou numa espécie de cortiço.

Embora controversa, a remoção de moradores concluiu-se, mas o conjunto, abandonado, tem sido alvo de saques. De acordo com a prefeitura, não há verbas para o restauro e a implantação do prometido polo cultural.

Há no entanto, um sinal de alento: a Secretaria Municipal de Cultura informa que pretende lançar um projeto de parceria público-privada e levantar investimentos por intermédio da Lei Rouanet.

É uma alternativa factível, que poderia enfim devolver aos paulistanos peça significativa de sua memória urbanística. A secretaria diz considerá-la prioritária. Que não seja só mais uma construção retórica sobre a dilapidada Vila Itororó.


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