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Inflação sem surpresa

IPCA de 0,92% em março, apesar de alto, não indica descontrole; confirma-se, contudo, que a raiz do mal se acha na política econômica

A influência do mau tempo sobre o preço dos alimentos foi maior do que a esperada pela média e mesmo pelo mais negativo dos economistas. A inflação de março foi a 0,92%, a maior para tal mês desde 2003, quando o país vivia a pior crise inflacionária após o Plano Real.

Não tem cabimento dizer que a carestia de agora se assemelha à de 2003, causada pelos choques de uma grande desvalorização do real e da transição política. Em maio daquele ano, o IPCA anual chegaria a 17,2%; em março passado, foi a 6,15%. O Brasil enfrenta agora um choque de preços agrícolas que, se estima, deve amainar até maio.

O salto dos alimentos, no entanto, apenas degradou situação já bastante incômoda. Mesmo excluídos os preços mais sujeitos a variação excessiva e temporária (uma das medidas do chamado "núcleo da inflação"), a inflação acumulada até março foi de 6,3%.

Entre dezembro e março, a taxa esperada para 2014 já subira de 5,6% para 6,2%, de acordo com o Relatório de Inflação, publicação trimestral do Banco Central. Com os indicadores recentes, a previsão tende a deteriorar-se outra vez. O IPCA vai se aproximar do teto da meta de inflação, 6,5%.

A direção do BC tem observado que a alta de juros ainda terá efeito mais significativo nos meses por vir, até 2015. Ressalta que a presente campanha de aperto monetário foi prejudicada pela alta do dólar na metade final de 2013 e pelo presente choque de alimentos.

É inegável. Porém, a expectativa de inflação cronicamente próxima do teto da meta criou empecilhos ao remédio dos juros.

Os agentes econômicos acostumaram-se a quase meia década de IPCA a 6% e projetam reajustes de tal monta. A falta de credibilidade e de competência na política econômica não contribui para expectativas de baixa na inflação.

Os prognósticos para 2015 incorporam um inevitável reajuste de preços ora controlados pelo governo. A alta pode ser ainda maior, pois o ano eleitoral incentiva novos represamentos e potencializa o efeito da ruptura das comportas.

Não se trata aqui de alardear o risco de descontrole inflacionário, muito baixo. Importa dizer que erros de política econômica contribuirão sobremaneira para que a inflação seja em média de 6% e o crescimento, de 2% nos anos do primeiro governo Dilma Rousseff.

A presidente terminará o mandato com juros maiores do que herdou. O adiamento das correções de rumo agrava os problemas que deverão ser enfrentados só em 2015, que será turbulento, ainda, com a perspectiva de mudanças na economia americana.

A inflação está, por ora, longe do descontrole. Na melhor das hipóteses, a de tratamento competente em 2015, o Brasil terá padecido de meia década de mediocridade econômica. Para dizer o mínimo.


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