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André Singer

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Sinais amarelos

A pesquisa Datafolha publicada no último domingo, em que Dilma aparece com seis pontos percentuais a menos nas intenções de voto, representa um momento importante da pré-campanha para a Presidência da República. Embora continue bem à frente dos prováveis adversários, Dilma Rousseff viu interrompida a tendência de recuperação de popularidade que a favoreceu por cerca de seis meses.

Conforme todos sabem, os acontecimentos de junho provocaram uma queda abrupta de sua aprovação. Uma perda de apoio forte e rápida, como a de José Sarney após o descongelamento de preços, no final de 1989, e de Fernando Henrique Cardoso depois da desvalorização do real, no fim de 1998.

Mas como desta vez não houve alteração radical do quadro econômico, o humor do eleitorado aos poucos começou a voltar ao normal. Ficou a impressão de que tudo havia sido produto de um evento extraordinário, que nada teria a ver com a vida cotidiana nem com a eleição futura.

Ocorre que o retorno ao status quo anterior mostrou-se parcial. Dilma recuperou o suporte de menos da metade dos que a apoiavam antes, tendo parado de crescer em fevereiro. Em decorrência, os números agora apurados são importantes não tanto pela queda em si, que ainda está próxima da margem de erro --sendo, portanto, de difícil avaliação--, como pelo fato de parecer indicar que a outra metade perdida em junho pode estar mesmo em busca de novas opções para dirigir o país.

Das cartas em jogo, a única que teve crescimento no conjunto do eleitorado foi Marina Silva, justamente a liderança que saiu fortalecida pelos Acontecimentos de Junho (Eduardo Campos, o provável candidato da chapa PSB-Rede, variou dentro da margem de erro). A diferença entre Dilma e Marina caiu de 20 para 12 pontos percentuais.

Em artigo publicado pela revista Novos Estudos em dezembro último (bit.ly/avsinger), procurei mostrar por que o centro pós-materialista saiu revigorado daquele cruzamento inédito de classes e ideologias na rua. Em resumo, o argumento é que o centro representado por Marina pode assumir, exatamente por ser centro, bandeiras priorizadas pela esquerda (saúde padrão Fifa) e pela direita (combate à corrupção), ao mesmo tempo. Acresce que Marina preserva imagem de nítida probidade pessoal.

Os números atuais não representam nada além de uma passagem específica em um percurso que ainda será longo e cheio de curvas, até porque Marina não é, por enquanto, candidata a presidente. Mas o sinal está amarelo-piscante para Dilma, que precisa conter a inflação e fazer a economia andar, e para Campos, que precisa obter da companheira de chapa uma abdicação definitiva.


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