Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Kalil Rocha Abdalla

TENDÊNCIAS/DEBATES

Dívidas afetam o atendimento da Santa Casa?

NÃO

Saúde não é negócio

Como maior complexo hospitalar filantrópico da América Latina, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo atende mais de 10 mil pessoas por dia e 3,5 milhões anualmente.

Nos últimos seis anos, abraçamos o desafio de modernizá-la, ampliando os atendimentos e aprimorando a qualidade dos serviços. Fico orgulhoso em dizer que conseguimos.

A Santa Casa registrou salto de 63% no número de atendimentos entre 2007 e 2013 e de 86% na quantidade de exames no mesmo período. O número de unidades assistenciais triplicou, chegando a 39, e foram implantados serviços essenciais como o Banco de Leite e a Unidade de Tratamento de Dor e Medicina Paliativa Infantil.

Outras áreas fundamentais tiveram completa modernização na infraestrutura como a UTI e a unidade de diálise. Cerca de R$ 224 milhões foram investidos.

Sabemos que a irmandade foi fundada para ser uma obra de caridade. Ela nunca foi nem pode se transformar em um negócio. É uma instituição privada filantrópica e sem fins lucrativos. Sua única vocação é a de atender a demanda pública por saúde. Por esses motivos, esta gestão fez uma opção: dar continuidade a essa missão humanitária acima de qualquer coisa.

Para atender a demanda pública, a entidade está ligada à rede do Sistema Único de Saúde (SUS), cujos repasses nunca foram equivalentes aos custos dos serviços realizados, origem do endividamento histórico da irmandade. Em 2010, mudança no modelo de contratação pelo SUS resultou em repasses ainda menores. Para se ter ideia, a cada R$ 100 gastos em atendimento, a Santa Casa recebe em média 60%.

Diante dessa situação, esta gestão buscou fontes alternativas de receita e fez um rígido controle de custos. Negociando com a prefeitura e o Estado, conseguiu aumentar os subsídios, arrecadou R$ 11,6 milhões com doações, fez replanejamento imobiliário e investiu na ampliação da capacidade de geração de receita com medicina supletiva (particular). O Hospital Santa Isabel, exclusivo para esse tipo de atendimento, foi reformado, e uma segunda unidade foi implantada (Jaguaribe).

Isso tem nos levado a diminuir os prejuízos, ano a ano. Em 2010, o balanço fechou R$ 83,9 milhões negativo. Em 2011, conseguimos diminuir o prejuízo para R$ 66,4 milhões e, em 2012, reduzimos o deficit à metade, para R$ 35,6 milhões.

Os resultados de 2013, que acabam de ser apurados, comprovam a melhoria: o prejuízo foi da ordem de R$ 25 milhões e o lucro operacional foide R$ 3,4 milhões. O caminho foi traçado, e logo a Santa Casa alcançará o superavit.

Em um cenário totalmente adverso, ampliamos os atendimentos e reduzimos os prejuízos sem deixar de investir para aprimorar o padrão de qualidade, sempre de excelência. A eleição para um novo mandato à frente da Santa Casa será na quarta-feira, 16, e eu não me candidataria à reeleição se não estivesse confiante no trabalho realizado até aqui.

Meu oponente, a quem manifesto meu respeito, tem colocado a questão financeira da irmandade como um problema sem solução, quando todo o planejamento para o equilíbrio econômico já foi feito e tem dado resultado.

Acredito que a proximidade do opositor com o universo financeiro e o pouco tempo de contato com os valores da irmandade o levem a acreditar que a geração de lucro é bandeira adequada. Vale reforçar que a Santa Casa não é um negócio, muito menos um banco. Irmãos com mais tempo de casa, como eu, continuarão lutando para que os princípios norteadores da entidade --a misericórdia, a caridade e a assistência indiscriminada à saúde-- jamais fiquem em segundo plano.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página