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Opinião

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Argentina congelada

Após três meses de congelamento na Argentina, os resultados são tão desanimadores quanto previsíveis. A inflação oficial no período beira 10%, e alguns produtos controlados escasseiam nas prateleiras ou são vendidos acima da tabela.

O mau resultado não impediu o governo Cristina Kirchner de ampliar o programa "Precios Cuidados". O controle passou de 194 a 302 produtos, de alimentos até material de construção.

A equipe econômica kirchnerista argumenta que o programa é bem-sucedido e diminuiu a taxa de inflação oficial entre janeiro (3,7%) e março (2,6%). Os vilões no período, alega-se, seriam itens fora da abrangência do controle, como educação e vestuário.

Parte significativa do setor empresarial faz leitura diversa. Na última terça-feira, 38 entidades exortaram o governo a combater a inflação com reformas macroeconômicas, em vez de responsabilizar o setor privado e impor distorções.

O Fórum de Convergência Empresarial --que reúne setores críticos do kirchnerismo, como o agrícola-- defendeu ainda "a previsibilidade, a estabilidade e a formalidade das regras do jogo" para incentivar o investimento privado.

Experiências similares, como o Brasil dos anos 1980 e a Venezuela dos dias atuais, sugerem que os empresários estão com a razão. Tabelamentos são comprovadamente incapazes de controlar a inflação de modo duradouro. Produzem efeitos colaterais graves para a vida cotidiana, como o desabastecimento, e levam insegurança a investidores privados.

Para conter a inflação, o governo argentino teria de controlar os sucessivos deficit registrados desde 2009. Tal ajuste incluiria diminuir subsídios para serviços como o de energia, que consumiu 4% do PIB do ano passado.

Seriam decisões obviamente impopulares, e as primeiras movimentações pela sucessão presidencial, no ano que vem, só agravam o dissenso quanto ao que seria preciso fazer para resgatar o país de seus graves desequilíbrios.

A paralisia é responsabilidade de Cristina Kirchner, que não pode disputar a reeleição. Se ela de fato quiser deixar um país melhor para o seu sucessor, como prometeu nesta semana, seu governo terá de buscar mais soluções de compromisso do que tem feito até agora.


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