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Opinião

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João Guilherme Sabino Ometto

TENDÊNCIAS/DEBATES

A capacidade de superação da agropecuária

O êxito do ciclo de safras recordes das commodities adiou a solução de problemas estruturais da agropecuária, que poderão ganhar ênfase

É inevitável refletir sobre a capacidade de superação da agropecuária brasileira ao constatarmos que, em 2013, registrou o mais expressivo crescimento (7%) entre os demais setores. Num ano de pífio desempenho do PIB, teve seu maior aumento desde 1991, quando se iniciaram os dados históricos. E a safra de grãos 2012/2013, com 187,4 milhões de toneladas, estabeleceu um novo recorde, superando a anterior em 12,8%.

Tal êxito, entretanto, foi insuficiente para resgatar o otimismo. No Índice de Confiança do Agronegócio, lançado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), a baixa expectativa da cadeia produtiva quanto à economia foi o fator que mais contribuiu para puxar o resultado para baixo. E isso no âmbito da atividade que mais cresceu no país!

Acentua-se a perda de confiança, como demonstra o rebaixamento do rating de risco do Brasil pela Standard & Poor's. Assim, em paralelo às macrossoluções, são necessárias políticas públicas específicas para a agropecuária, até porque se anteveem fatores críticos como a quebra de safra por causas climáticas e custos de produção majorados, que se somam à maior incidência de pragas nos últimos anos.

Graves problemas são a movimentação e o armazenamento das safras, que estão incluídos entre as causas do desperdício de uma parcela das lavouras, perda de competitividade, atrasos nos embarques das exportações e na distribuição aos polos consumidores. Por isso, destaca-se o investimento de R$ 25 bilhões na estocagem nos próximos cinco anos, anunciado pelo governo, que trará resultados concretos: no Painel de Investimentos em Infraestrutura do Índice de Confiança do Agronegócio, a prioridade dos produtores é armazenagem.

Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Brasil tem 17.361 armazéns cadastrados, com capacidade total de 145,7 milhões de toneladas, sendo 23,4 milhões em unidades convencionais e 122,3 milhões em graneleiros. Porém, a rede está mal distribuída. Há excedente em São Paulo, onde a cultura de grãos já não é relevante, e insuficiência no Centro Oeste, maior produtor brasileiro. Além disso, numerosos armazéns não apresentam boas condições. A capacidade instalada efetiva (estática) é de apenas 90 milhões de toneladas.

Apesar de sua inesgotável capacidade de superação, a agropecuária poderá enfrentar percalços em curto prazo. Institutos e consultorias com credibilidade preveem safra de grãos muito próxima ou inferior à última. A expectativa de crescimento expressivo já ficou para trás.

São evidentes as vantagens socioeconômicas do longo ciclo positivo em termos de preços e safras recordes das commodities do agronegócio. Tal êxito, porém, adiou a solução dos seus problemas estruturais, em especial a logística, que ganharão ênfase caso ocorra queda nas cotações internacionais.

Assim, é necessário que o setor tenha apoio à altura de sua importância. Afinal, seja na produção no campo ou na cadeia produtiva, a atividade, com acentuado desenvolvimento tecnológico, responde com ganhos consecutivos de produtividade, imensa capacidade exportadora e geradora de empregos e renda. Os produtores rurais trabalham a favor do Brasil.


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