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As meninas da Nigéria

O recente sequestro de quase 300 meninas na Nigéria pelo grupo terrorista islâmico Boko Haram causou comoção mundial e chamou a atenção para o sangrento conflito interno que, desde 2009, matou milhares de pessoas no país mais populoso da África.

O centro da violência é o isolado nordeste do país, região de maioria muçulmana paupérrima: no norte, 72% vivem na pobreza, contra 27% no sul, de maioria cristã, segundo o Conselho de Relações Exteriores dos Estados Unidos.

A extrema miséria da região e a desigualdade correlacionada à religião são terreno fértil para a germinação de forças radicais. O Boko Haram (que significa "educação ocidental é proibida" na língua hausa) é só uma delas.

Sua crueldade choca e revolta. Uma das reféns que conseguiu escapar relatou que algumas das meninas sequestradas no dia 14 de abril sofrem até 15 estupros diários. Em vídeo, um dos terroristas ameaçou vender as meninas para "casamento", prática que já teria sido feita em sequestros anteriores.

Não se trata de violência isolada. Na última segunda-feira, dezenas de pessoas foram mortas na cidade de Gamboru Ngala, localizada na mesma região do sequestro.

Tampouco circunscrita ao nordeste nigeriano. Em abril, um atentado contra uma estação de ônibus deixou cerca de 70 mortos na capital, Abuja, no centro do país.

A situação assustadora contrasta com o "boom" econômico da Nigéria. Impulsionado pelo petróleo, o país de 170 milhões de habitantes cresceu à média de 7% na última década. Nesse ritmo, tende a ultrapassar a África do Sul como maior economia do continente.

Apesar disso, o governo do presidente Goodluck Jonathan é duramente criticado pela truculência e por não investir no norte para retirá-lo do atual isolamento e da miséria. Moradores da região em que o Boko Haram age acusam o Exército de atuar com tanta violência quanto os grupos terroristas.

A preocupação mundial em torno do destino das crianças levou vários países a oferecer ajuda, incluindo os Estados Unidos. O auxílio pode ser útil num momento dramático, mas sua necessidade, e sobretudo as circunstâncias que a ensejaram, demonstram que é bem mais profunda a crise em que vive a Nigéria.


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