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Hélio Schwartsman

Receita para um protesto

SÃO PAULO - Os protestos da última quinta-feira (15) podem ser descritos com recurso a vários adjetivos, mas os termos "maciços" e "bem- -sucedidos" não estão entre eles. Isso significa que os fantasmas de junho foram exorcizados, e governantes de todas as esferas já não precisam se preocupar com a variável manifestações neste ano eleitoral?

Se eu fosse um candidato oposicionista, não contaria com os protestos como cabo eleitoral, mas, ainda assim, acho precipitado descartá-los por completo. Embora ainda não exista uma ciência das manifestações populares, o conhecimento até aqui compilado a partir das experiências em diversos países permite concluir que elas são um fenômeno de alta complexidade, resultante da combinação de causas das mais diversas naturezas, desde fatores macroeconômicos, como a inflação, até gestos fortuitos, como a bomba de gás lacrimogêneo lançada por um policial na hora errada.

Charles Duhigg, em seu best-seller "O Poder do Hábito", conta a história de como um major americano conseguiu praticamente eliminar protestos violentos na cidade de Kufa, no Iraque, apenas retirando os vendedores de comida da praça central. Sem ter como saciar sua fome, as pessoas não permaneciam por tempo suficiente na praça para formar a multidão necessária para que as manifestações pudessem ser deflagradas.

Embora cada grande onda de protestos em países emergentes tenha sua história única, alguns ingredientes parecem estar presentes na maioria delas. São coisas como alta em preços de alimentos, crescimento econômico recente e o receio, ainda que vago, de que as coisas possam, se não piorar, pelo menos deixar de melhorar continuamente.

Tais fatores estão todos presentes no Brasil de hoje. Não é uma coincidência que os "spots" publicitários do PT já tentam embalar esse sentimento difuso num "framing" que beneficie o partido.


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