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Opinião

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O sentido da Índia

Insatisfeita com a economia fragilizada, a população da Índia impôs, nas eleições realizadas de 7 de abril a 12 de maio, uma derrota inquestionável ao Partido do Congresso, que comandou o país durante a maior parte do tempo desde sua independência, em 1947.

A vitória coube ao oposicionista Narendra Modi, líder conhecido tanto por ser um administrador eficiente e favorável à economia aberta como por seus vínculos com setores hindus nacionalistas --os muçulmanos são uma minoria de 138 milhões em uma população total de 1,2 bilhão.

O Bharatiya Janata Party (Partido do Povo Indiano), de Modi, havia assegurado até esta sexta-feira (16) 275 das 543 cadeiras da Lok Sabha, a Câmara dos Deputados da Índia. Conseguirá, assim, formar um novo governo sem coalizão, o que não ocorria havia três décadas.

Modi, 63, será o primeiro premiê nascido numa Índia independente. Na campanha, cercou-se de assessores do setor privado e procurou transmitir a imagem de empreendedor moderno. Na maior eleição do mundo, que computou 550 milhões de votos, usou hologramas para fazer comícios simultâneos.

"Desenvolvimento é a solução para todos os problemas, a cura para todas as doenças", disse Modi. Como governador de Gujarat, ele manteve em seu Estado um crescimento acima da média nacional (que caiu de padrões chineses para 3,8% em 2013), deixando considerável legado de infraestrutura.

Por outro lado, foi em Gujarat que ocorreu o episódio mais controvertido de sua carreira política. Em 2002, sob seu governo, mais de mil muçulmanos foram massacrados. Modi foi inocentado pela Justiça indiana, mas vários países o responsabilizaram pela tragédia.

O passado de Modi alimenta dúvidas quanto ao futuro da relação da Índia com o vizinho Paquistão --embora atualmente estável, é vasto o histórico de conflitos entre essas duas potências nucleares. Também suscitam preocupação suas posições em disputas territoriais envolvendo a China.

Para o Brasil, a perspectiva de aceleração da economia indiana é uma boa notícia. O comércio bilateral passou de U$ 828 milhões, em 2001, para US$ 9,5 bilhões em 2013. Nos primeiros meses deste ano, a Índia foi o sétimo maior destino das exportações brasileiras.

A missão de Modi, porém, não é fácil. Dadas as características do Estado indiano, sem mecanismos efetivos de combate à corrupção e fortemente descentralizado, os poderes do premiê são limitados.

Sendo a segunda maior população do mundo e a décima economia, a Índia adquire crescente peso no cenário global. Natural que seja grande a expectativa sobre qual faceta de Modi prevalecerá.


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