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Paula Cesarino Costa

A indignados e incomodados

RIO DE JANEIRO - O país de democracia recente titubeia ante protestos, greves e atos reivindicatórios que se espalham. Há os que se indignam; há os que se incomodam.

Antes foi o Rio. Agora São Paulo parou por causa da greve de motoristas e cobradores de ônibus. São milhões de pessoas afetadas no seu ir e vir, na sua rotina, na saúde, no trabalho. Também professores das redes estaduais e municipais têm feito paralisações nas duas cidades. São milhares de alunos prejudicados, e famílias tendo que se virar.

Em junho de 2011, o correspondente do "El País", Juan Árias, perguntou: "Por que o Brasil não tem indignados?", tentando buscar um paralelo entre o movimento que contagiava a juventude espanhola e a placitude sonolenta que via nos brasileiros.

Os eventos de junho de 2013 acordaram muita gente: jovens da classe média, trabalhadores de baixa renda, empresários, artistas. Quase todo mundo comemorou o povo nas ruas gritando por outro país, contra políticos e por melhores condições.

Os índices de apoio aos protestos atingiram picos jamais vistos. O movimento refluiu e, sem tradição ou memória recente de luta, muitos brasileiros começam a se irritar.

Quantos dos leitores desta Folha já deram de cara com protestos em Paris fechando as ruas, parando o metrô ou deixando os aviões no solo? Acham a França uma "bagunça"?

O ministro Gilberto Carvalho avaliou que "as pessoas não vão simplesmente aceitar que categorias profissionais, por um interesse localizado, prejudiquem o conjunto da população, em um momento tão importante pro Brasil [como a Copa]".

A Copa está sendo "usada" pelos movimentos sociais. Há protestos justos. E tem havido abusos.

O desafio da sociedade brasileira está em descobrir como lidar, equacionar e avançar em reivindicações que podem torná-la melhor, atendendo a indignados e incomodados.


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