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Kenneth Maxwell

Putin olha para o leste

Vladimir Putin está olhando para o leste. Em uma visita de dois dias à China para uma reunião com o presidente Xi Jinping, Putin transformou a assinatura de um contrato de fornecimento de gás natural à China em peça central de sua estratégia. As negociações entre a estatal chinesa National Petroleum Corp e a estatal russa de gás natural Gazprom foram encerradas nesta quarta-feira (21). Estima-se que o acordo seja de mais de US$ 400 bilhões. A China é "um amigo confiável", disse Putin.

Desde que a Rússia anexou a Crimeia, Putin está ansioso para demonstrar que não está isolado. A China é uma resposta óbvia. Putin deve assinar com o presidente chinês outros 30 acordos como o da Gazprom, incluindo três novos projetos de investimento conjunto entre o Fundo de Investimento Direto Russo e a China Investment Corporation, envolvendo energia, transporte e infraestrutura. Os chineses são os maiores parceiros comerciais dos russos, com comércio bilateral de US$ 90 bilhões ao ano, um montante que deve chegar a US$ 200 bilhões anuais no final da década.

Enquanto Putin olha para o leste, Obama olha para o oeste. O presidente americano acabou de concluir uma visita de sete dias ao Japão, Coreia do Sul e Malásia, além de fazer sua primeira visita oficial às Filipinas, onde assinou um tratado de defesa de dez anos que dá aos EUA acesso às bases militares filipinas que os americanos perderam ao fechar a base aérea Clark e a base da baía de Subic, nos anos 90. Tudo isso tem por objetivo firmar as alianças asiáticas dos EUA diante das ambições territoriais chinesas na região.

Os Estados Unidos saíram ao ataque contra a China nesta semana. O Departamento de Justiça apresentou queixas-crime contra cinco oficiais das Forças Armadas da China, alegando que eles hackearam os sistemas de cinco empresas norte-americanas. Foi a primeira vez que Washington acusou um governo estrangeiro desse tipo de delito.

O quadro é mais complicado, claro. Obama não obteve seu principal objetivo nas visitas a Tóquio, Seul, Kuala Lumpur e Manilha, que era a aprovação dos parceiros asiáticos a um acordo de livre comércio no Pacífico. Do lado de Putin, embora o petróleo e o gás natural respondam por mais de 50% da receita do governo russo, os consumidores da Europa e, especialmente, da Alemanha, precisam do petróleo e gás natural russos tanto quanto a Rússia precisa do dinheiro dessas vendas. Os benefícios para os russos de qualquer acordo com a China são para o futuro.

A Crimeia e a Ucrânia podem não ter levado ainda a uma nova guerra fria. Mas no leste como no oeste a sensação é a de que ela está por surgir.


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