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Promessas na Ucrânia

"Um novo jeito de viver." Esse foi o mote da campanha vitoriosa do bilionário Petro Poroshenko, 48, eleito presidente da Ucrânia neste domingo (25), ainda no primeiro turno, com 55% dos votos. Não será nada fácil, porém, pôr em prática essa promessa vaga. O novo mandatário governará um país repleto de tensões por dissolver.

Desde o fim do ano passado, a Ucrânia protagoniza grave crise geopolítica. Intensas manifestações públicas pró-União Europeia culminaram, em fevereiro, na deposição do então presidente Viktor Yanukovich, eleito em 2010 e inclinado a aproximar-se da Rússia.

Tão logo eclodiram os protestos, Poroshenko --conhecido como rei do chocolate, por ser dono da maior empresa nacional do setor-- foi o primeiro oligarca local a se alinhar aos manifestantes, que exigiam um acordo de associação comercial com a União Europeia.

A crise, todavia, não se resolveu com a queda de Yanukovich. Seguro de que, por motivos demográficos e culturais, ainda havia ao sul e ao leste do país forte amparo a intervenções da Rússia, o presidente Vladimir Putin orquestrou a anexação da região da Crimeia e fomentou inúmeros movimentos separatistas, alguns dos quais continuam atuantes.

Para o novo presidente da Ucrânia, é tarefa prioritária estancar esses conflitos, e negociações com Moscou serão fundamentais para atingir tal objetivo.

Parece alvissareiro, portanto, que tanto o candidato vitorioso como ministros russos tenham demonstrado nesta segunda-feira (26) interesse em retomar um ora estremecido diálogo bilateral.

Talvez o presidente eleito seja a figura ucraniana mais bem posicionada para conduzir esse difícil processo. Além de cioso de seus próprios interesses comerciais no mercado russo, Poroshenko tem valiosa experiência política nos dois polos hoje em disputa.

O bilionário serviu como ministro das Relações Exteriores no mandato de um presidente afinado com o Ocidente, mas também chefiou a pasta de Comércio e Desenvolvimento Econômico no governo de Yanukovich, simpático a Moscou.

Esse tênue equilíbrio entre avançar laços com a Europa e normalizar as relações com a vizinha Rússia será crucial para que Petro Poroshenko possa, de fato, mostrar algo novo --e não apenas uma nova roupagem para a velha cleptocracia que tem caracterizado a política da Ucrânia nos últimos anos.


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