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O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Kenneth Maxwell

Virando o jogo

A estratégia da Rússia se torna mais clara a cada dia. O acordo de gás natural com a China reforça a posição russa no leste e o gigante asiático oferece um mercado garantido a longo prazo para as vastas reservas de gás da Sibéria. No oeste, a anexação da Crimeia traz com ela controle russo sobre as fontes de energia submarinas no norte do mar Negro.

As sanções ocidentais não parecem ter causado grande impacto. Muitas das maiores companhias do Ocidente continuam a negociar com a Rússia.

Pelo indiciamento de cinco oficiais do Exército chinês por espionagem cibernética e roubo de segredos comerciais, a China retaliou os EUA ordenando que suas estatais rompam relações com as consultorias McKinsey e Boston Consulting, por medo de que estejam espionando para o governo dos EUA.

A Rússia vem desempenhando papel cada vez mais importante em meio à transformação da Primavera Árabe em um inverno profundo. O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, foi recebido por Putin em Moscou para negociar um acordo de armas depois que os EUA suspenderam sua assistência militar anual. Na Síria, a Rússia continua a apoiar o regime de Assad, e na Líbia, as consequências da derrubada do regime de Gaddafi continuam a se fazer sentir.

Os EUA estão se preparando para retirar suas forças do Afeganistão. O Iraque continua instável. Nenhum dos dois casos mostra grande resultado pelos anos dedicados a aventuras quixotescas no exterior. A Rússia poderia, se quisesse, intermediar um acordo quanto à questão nuclear do Irã, algo de que Obama precisa. Mas os países do Golfo Pérsico e a Arábia Saudita se sentem cada vez mais desconfortáveis diante da retirada americana.

Na Índia, Narendra Modi surpreendeu a muitos ao convidar os líderes dos países vizinhos que integram a Associação Sul-Asiática para a Cooperação Regional, entre os quais o premiê Nawaz Sharif, do Paquistão, para sua cerimônia de posse como primeiro-ministro, em Nova Déli.

Mas ninguém sabe ainda se Modi vai promover um relacionamento mais estreito entre Índia e EUA, e ele continua fortemente ressentido com os americanos por lhe terem negado um visto de entrada no país em 2005 devido ao seu papel nos massacres de 2002 em Gujarat. Modi já visitou a China três vezes e, em sua mais recente visita, foi recebido no Grande Salão do Povo. O presidente Xi Jinping vê Modi como um astro em ascensão.

Tudo isso deve causar momentos interessantes em Fortaleza durante a sexta conferência de cúpula dos Brics, em 15/6, quando os líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se reunirão, dois dias depois da final da Copa do Mundo. A anfitriã Dilma Rousseff, afinal, também tem seus problemas com Washington.


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