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Marina Silva

Bom exemplo

Em cidades convulsionadas por problemas econômicos e sociais, de vez em quando os limites ambientais se mostram, como na ameaça de falta de água em São Paulo. Estamos atrasados em ver que os problemas estão ligados: a economia requer terras férteis, a energia depende das chuvas e a saúde tem mais custos sem tratamento de esgoto. Meio ambiente não é um "departamento".

Por intuição e vivência, a população --especialmente os jovens, preocupados com o futuro-- já se posiciona contra o desmatamento, em favor das terras indígenas, de enfrentar as mudanças climáticas, enfim, de uma agenda sustentável.

Mas o sistema político promove um perigoso retrocesso nas leis e políticas públicas conquistadas em décadas de luta socioambiental.

Nesta quinta (5), no Dia do Meio Ambiente, a única comemoração foi o reconhecimento de um plano para reduzir o desmatamento. Um relatório da União de Cientistas Comprometidos destacou as ações na Amazônia brasileira na década passada como uma contribuição sem precedentes para atrasar o aquecimento global (bit.ly/ucs 5jun). Para os cientistas, reduzir o desmatamento não impede o desenvolvimento, como mostra o crescimento da economia rural no período, com vários acordos para frear práticas ilegais na produção de carne e de soja, por exemplo.

O relatório mostra atores importantes: os povos indígenas e suas terras como áreas de conservação, a vigilância do Ministério Público, a ajuda internacional, o engajamento de Estados e municípios. Mas o fator central é o Plano de Controle do Desmatamento, criado em 2004, no governo de Lula. Como ministra do Meio Ambiente, estive no nascedouro do plano e nos quatro primeiros anos de sua consolidação e posso avaliar o porquê de seu sucesso.

Reunimos 13 ministérios para agir em conjunto. Lembro o comentário bem-humorado do ministro Ciro Gomes: "Marina está querendo dar trabalho para todos nós". Que respondi: "O mérito pelos resultados também será de todos". Continuo convicta das diretrizes que tínhamos no ministério, entre as quais estava a ação combinada e transversal de todos os órgãos. Políticas isoladas têm mais chance de fracassar. Com diálogo e participação da sociedade, a ação pode resistir à alternância de governos. Mas esse é um aprendizado difícil.

Os ministérios com ações de controle foram bem no combate aos crimes ambientais, mas não houve o mesmo desempenho na promoção da economia sustentável. Poderíamos ter avançado mais. O Brasil teria hoje maior capacidade de liderar a transição para uma economia de baixo carbono.

Surgem agora dúvidas. Os cientistas veem risco em mudanças no Código Florestal e no aumento de 28% na taxa de desmatamento em 2013. O que será no futuro? Logo saberemos.


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