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Opinião

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Mais dinheiro na praça

Apesar dos sinais de retomada econômica do continente e da perspectiva de crescimento maior nos próximos anos, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu não correr riscos. Em sua última reunião, na quinta-feira, anunciou medidas inéditas com vistas a evitar eventual recaída e, quem sabe, impulsionar expansão mais acelerada.

Ao contrário do Brasil, a zona do euro sofre com inflação baixa. Nos últimos 12 meses, os preços subiram 0,5%; ao menos até 2016 devem ficar aquém da meta do BCE, "abaixo, mas perto de 2% ao ano".

O risco de deflação é concreto, hipótese tenebrosa para os países menos ricos da eurozona. Se os preços caírem, os juros reais (calculados com o desconto da inflação, nesse caso negativa) ficam mais altos, encarecendo o pagamento de dívidas. A periferia europeia seria a maior prejudicada.

Além disso, há preocupação com a carência de crédito para pequenas e médias empresas nos países mais afetados pela crise de 2008, o que dificulta o crescimento. Nas nações centrais a dinâmica é oposta. Esse é o quadro de fragmentação financeira que o BCE enfrenta.

A ação da autoridade monetária se divide em três frentes. A primeira foi a redução dos juros básicos para 0,15%, com a novidade de que os depósitos dos bancos no BCE passarão a ter retorno negativo. Em tese, isso aumenta a disposição para fazer o dinheiro circular.

Haverá, ademais, concessão de empréstimos de quatro anos aos bancos a custo baixo, com a contrapartida de que direcionem tais verbas para empresas. Estima-se um volume de 400 bilhões de euros.

Por fim, o BCE indicou que pretende ir ao mercado comprar títulos de empresas, de forma que elas tenham mais recursos em mãos. O montante ainda será definido.

As medidas tiveram apoio até mesmo do representante do Bundesbank (banco central alemão), sempre refratário a inovações condescendentes com a inflação. A unanimidade é importante para reforçar a credibilidade do BCE.

Os mercados receberam o anúncio por seu valor de face: um compromisso de combater a recessão e afastar o risco de deflação. O Banco Central Europeu age tal qual seu congênere norte-americano.

Como resultado, a injeção de dinheiro nas economias dos EUA e da Europa durará mais do que se imaginava. Os emergentes agradecem; terão mais tempo para se prepararem para o fim dos estímulos. Resta aproveitar o prazo adicional.


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