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Ruy Castro

A ciência rigorosa

RIO DE JANEIRO - A vampirologia --não ria-- acaba de perder um expoente. Morreu no sul da França o historiador romeno Radu Florescu, 88 anos, professor emérito do Boston College, nos EUA, e responsável por revelar a ligação entre o conde Drácula, personagem criado pelo escritor inglês Bram Stoker em 1897, e um monarca do século 15, o príncipe Vlad Tepes [pronuncia-se te-pesh], que dominou a região da Valáquia, entre o Danúbio e os Cárpatos, perto da Transilvânia, na atual Romênia.

Em parceria com seu colega de cátedra, o americano Raymond T. McNally, Florescu foi autor, em 1972, do livro "Em Busca de Drácula", grande sucesso de vendas e que tornou Vlad quase tão famoso quanto o próprio conde. Um dos motivos era o fato de que, em seu apogeu, o príncipe mandou empalar cerca de 100 mil otomanos, quase devastando as matas da região com sua política de obrigar os inimigos a sentar-se sobre estacas pontiagudas.

O fato de Vlad gostar de sangue e ser também conhecido como Dracul --dragão ou, na intimidade, o diabo -- foi suficiente para que Florescu e McNally explorassem a crença daquela região em vampiros e fizessem a conexão. Na verdade, não há uma linha no livro que prove essa identidade. O que há é uma argumentação que finge que se leva a sério, dá voltas em torno do assunto e sugere muito mais do que afirma. Infalível para convencer quem quer se deixar convencer.

Até então, Florescu era um homem austero, especialista em Leste europeu e autor de livros sérios, um deles sobre as relações diplomáticas anglo-turcas. O estouro de "Em Busca de Drácula" mudou sua vida. De repente --e até o fim--, ele passou a viver de palestras muito bem pagas em universidades, às quais comparecia usando uma capa de vampiro.

A história --como bem sabem os historiadores-- já foi uma ciência mais rigorosa.


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