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Guerra e paz na Ucrânia

Não se mostrou suficiente a disputa de eleição presidencial antecipada para amainar a severa crise geopolítica na Ucrânia, que se arrasta desde o fim do ano passado.

Na semana passada, a chefe de assistência humanitária da ONU afirmou que continua a se agravar a situação no leste e no sul do país, onde se concentram as atividades de grupos armados separatistas.

São diários os registros de violência nessas localidades. Nos últimos dois meses, os combates deixaram mais de 350 mortos.

Em tentativa de conter as animosidades e abrir espaço para negociações, o novo presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, determinou um cessar-fogo às Forças Armadas na última sexta-feira (20). O anúncio ocorreu após conversas telefônicas com Vladimir Putin, líder do governo da Rússia, o que denota atitude realista por parte da nova administração.

Qualquer solução que se pretenda efetiva para debelar as tensões em solo ucraniano, afinal, precisa levar em consideração os interesses de Moscou e da expressiva parcela da população que, no leste do país, é de extração russa --por mais contestável que continue a ser, para Kiev, a anexação da Crimeia por seu poderoso vizinho no mês de março.

Dialogar com o Kremlin, no entanto, não é tarefa simples. Enquanto o governo afirma ver com bons olhos a iniciativa de paz de Poroshenko, a estatal russa responsável pelo setor de gás natural cancela a exportação de energia para Kiev alegando dívidas não quitadas de R$ 9,9 bilhões.

Abre-se, assim, novo espaço para desentendimentos de monta; na visão do premiê ucraniano, as negociações sobre esse tema seriam parte de "um plano geral da Rússia para destruir a Ucrânia". Cerca de 80% do gás consumido no país tem origem em território russo, e Moscou usa tal dependência como mecanismo de pressão.

Prosseguem, assim, duas incógnitas para o governo ucraniano: o resultado dos esforços diplomáticos bilaterais e o da costura de um acordo de paz com os separatistas.

Nesse último front, é positivo o saldo de importante concessão feita por Poroshenko. No domingo, o presidente acenou com a possibilidade de dialogar com líderes rebeldes --desde que não tenham cometido crimes graves. No dia seguinte, representantes desses movimentos anunciaram que suas tropas fariam um cessar-fogo.

Não será fácil articular até sexta-feira, data-limite da trégua, um plano que satisfaça aos dois lados, mas é auspicioso que pareça existir mútuo interesse na negociação.


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