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Opinião

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Igreja em trânsito

Escolhido num momento em que a Igreja Católica enfrentava crises internas, escândalos financeiros, casos de pedofilia e dificuldades de relacionamento com sua comunidade de fiéis, Jorge Bergoglio, o papa Francisco, revelou-se um pastor talhado para a missão de reconciliar a instituição consigo mesma e com seu rebanho.

Simpático, cativante, oriundo de um continente historicamente marcado pela pobreza e pela opressão, o pontífice já deu provas de que domina as regras da política e da comunicação midiática na sociedade contemporânea.

O documento divulgado na quinta-feira (26) parece ser mais um sinal do esforço de seu pontificado para adaptar a imagem do Vaticano aos tempos atuais. Um dos temas mais sensíveis é a homoafetividade e seus desdobramentos no núcleo doméstico.

Trata-se de texto preparatório para um encontro de bispos em outubro, no qual serão debatidos temas relativos à família. Um questionário com 39 perguntas foi distribuído em dioceses de todo o mundo para ser respondido por sacerdotes e católicos praticantes.

Em outras palavras, promoveu-se ampla pesquisa de opinião, com base na qual serão formuladas sugestões de mudanças na igreja.

Com linguagem mais concessiva e conciliatória que de hábito --sobretudo por se tratar de tópicos tradicionalmente considerados tabus doutrinários--, o relatório afirma que a Igreja Católica precisa assumir uma atitude "mais respeitosa e menos severa" no julgamento das uniões homossexuais. Mimetiza, por assim dizer, o que o próprio papa declarara em julho de 2013.

Quanto ao batismo de filhos de casais gays, o documento considera que devem ser recebidos "com o mesmo carinho, ternura e cuidado dedicados a outras crianças".

Outro tema polêmico contemplado pela sondagem é o uso de anticoncepcionais, condenado de modo mais enfático no período de Bento 16. De acordo com o texto, a "vasta maioria" entende que "a avaliação moral de métodos contraceptivos é uma intrusão na vida íntima do casal e uma restrição ao livre arbítrio".

Não é realista esperar mudanças da água para o vinho numa instituição tradicional e conservadora como a Santa Sé. São visíveis, todavia, as inclinações do papa a promover um necessário "aggiornamento" da moral familiar católica, aproximando-a da realidade vivida pelos fiéis.

Até por questão de sobrevivência, pode-se esperar que o próximo encontro de bispos indique correções de rumos a serem seguidas.


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