Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Prevenir e remediar

Entre as coisas menos controversas da saúde pública está que a prevenção de doenças é mais eficaz e mais barata do que o tratamento dos sintomas. Esse truísmo foi outra vez confirmado em estudo sobre o Programa Saúde da Família.

O PSF, abreviação pela qual é conhecido, começou a ser implantado no Brasil em 1994. Sua espinha dorsal constitui-se de milhares de equipes com um médico generalista, um enfermeiro, um auxiliar ou técnico de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde.

Presentes em 95% dos municípios brasileiros, esses grupos ficam responsáveis por cuidados primários e aconselhamento aos residentes de uma área delimitada, por meio de visitas domiciliares. Hoje, 53% da população brasileira é alcançada pelo PSF.

O estudo em evidência foi editado no sábado pelo prestigiado periódico "British Medical Journal" (BMJ). De acordo com o artigo, de 2000 a 2009 a mortalidade por doenças cardíacas experimentou queda de 21% nos municípios atendidos pelo programa.

O efeito também foi registrado no caso de moléstias cerebrovasculares, com recuo de 18%. Considerados em conjunto, os dois grupos de enfermidades provocam a morte de 350 mil brasileiros por ano.

Um dos reparos que se faz ao artigo ressalva que a melhoria desses indicadores não decorre apenas da ação do PSF. Concorreriam ainda outras políticas públicas, como campanhas contra o tabagismo.

Segundo o raciocínio, problemas cardíacos e vasculares retrocederiam de toda maneira, com ou sem as visitas domiciliares. É o que ocorre há cinco décadas, bem antes do advento do PSF.

Uma das autoras do estudo, Rosana Aquino Pereira, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), pondera que a pesquisa aplicou o controle estatístico de outras variáveis --educação, renda, condições de moradia-- para isolar os ganhos com o programa.

Além disso, encontrou divergências significativas entre municípios em que o PSF se encontra em fases diferentes. Verifica-se mortalidade cardiovascular maior naqueles em que ele ainda é incipiente.

Uma rede de cuidados básicos pode não ser a responsável solitária pela melhora da condição do público-alvo do SUS, mas é parte decisiva desses avanços. Tanto é que já se diagnosticou a necessidade de articulá-la com o sistema privado de planos de saúde, que padece com uma alta de custos pela complexidade dos tratamentos para aquilo que não se preveniu.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página