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André Singer

Página virada?

Como os demais compatriotas, estive tentado a opinar sobre o apagão do selecionado no "Mineiratzen". Mas, se nem Scolari entende o que se passou, quem sou eu para dizer algo útil? Deixemos o tempo esclarecer o acontecido. Enquanto começa a lenta elaboração da tragédia futebolística, minha modesta contribuição ao momento nacional será propor que viremos a página e comecemos a discutir a próxima competição, pelo voto, igualmente emocionante.

Obrigados pela legislação, os partidos depositaram no TSE suas diretrizes para o programa de governo federal. A leitura dos documentos é instrutiva, pois neles aparecem os primeiros sintomas do arranjo tático de cada time. Vai aqui uma pequena amostra dos dois primeiros colocados.

O texto registrado pelo PT, ainda que em boa parte voltado a apontar o quanto o Brasil melhorou nos últimos 12 anos, não consegue escapar de dizer o que pretende fazer nos próximos quatro. Promete, assim, um "novo ciclo histórico de prosperidade", isto é, a retomada do crescimento econômico. Como ele vai ser obtido não fica claro, mas assume-se o compromisso de que virá acompanhado da ampliação do "mercado doméstico", com "oportunidade para todos", por meio de "programas de inclusão dos historicamente excluídos".

Trata-se de um esquema clássico. Uma espécie de 4-2-4 das antigas eras. O recado é este: os bons tempos vão voltar e neles não nos vamos esquecer de vocês, a turma que ficou fora dos estádios nessa Copa tão branca e tão de elite, apesar de ter-se dado em tempos lulistas. O ponto forte da estratégia é que já funcionou duas vezes (2006 e 2010). O fraco é que agora tudo parece depender de um lance de sorte: a melhora das condições econômicas internacionais.

Mais extensa, a plataforma lançada pelo PSDB chega a ser específica no que diz respeito ao principal programa de inclusão, o Bolsa Família. Propõe que ele se transforme em política de Estado e seja convertido em direito permanente. Mas a artilharia tucana se concentra no combate à inflação. Nesse ponto, os peessedebistas se dão ao luxo de abrir um pouco a guarda. Falam em trazer os preços para o centro do alvo atual (4,5%) e, depois, reduzir a própria meta. Deus sabe a que custo.

Aqui a opção foi tipo 5-4-1: garantir a defesa e deixar um centroavante isolado para marcar o gol decisivo da partida. Na longa lista de propostas defensivas estão os 10% para a educação, os 10% para a saúde e até o aprimoramento do Mais Médicos. Nada de abrir brechas para acusações de descaso social. No campo adversário, os espaços seriam garantidos pela irritação com o custo de vida. A conferir.

Tiro férias para ver se me desintoxico do futebol. Volto em 9 de agosto.

avsinger@usp.br


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