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Opinião

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Jaime Gazmuri

Chile e Brasil, construindo novas fronteiras

Chile e Brasil são modelos exitosos de democracias que vêm ampliando suas bases de sustentação ao encarar políticas contra a desigualdade

Assim que assumiu o governo do Chile em março deste ano, a presidente Michelle Bachelet definiu que a prioridade de sua política externa é desenvolver uma presença mais ativa na América Latina e, em particular, na América do Sul. Demonstrou isso ao fazer suas primeiras visitas oficiais à Argentina e ao Brasil.

O Chile é um país que tem articulado, desde o retorno à democracia, em 1989, mecanismos de interação fluidos e de cooperação com os principais atores econômicos e políticos do sistema internacional.

O desenvolvimento sustentável do país, no entanto, exige uma sólida inserção do Chile em seu espaço geográfico, o Cone Sul da América Latina. Por isso, a relação com o Brasil, um país determinante regionalmente e que se projeta como ator global, adquire importância estratégica.

Desde 1990, as relações econômicas são muito significativas para ambos os países. Basta dizer que o Brasil é o principal destino dos investimentos chilenos no exterior, com um estoque acumulado de US$ 24,6 bilhões. Chile e Brasil são, por outro lado, modelos exitosos de democracias que vêm ampliando suas bases de sustentação ao encarar políticas sociais que têm como objetivo melhorar a inclusão social e corrigir as desigualdades que nos impedem de avançar solidamente rumo ao desenvolvimento.

Na política externa, nossos caminhos são convergentes. Coincidimos em fortalecer os processos de integração e o diálogo político por meio da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), e sustentamos posições comuns em diversos temas da agenda multilateral.

Estamos convencidos de que a presença do Chile na Aliança do Pacífico deve servir também para favorecer a integração com os países do Atlântico. Resistimos à caricatura de um hemisfério dividido entre um Pacífico livre e mercantilista e um Atlântico protecionista e estatista.

Para o Chile, é muito claro que a única possibilidade de que a América Latina tenha incidência na configuração da nova ordem global e que possa impulsionar temas referentes à governança mundial, à segurança e à mudança climática, depende da capacidade de nos fazermos ouvir com uma voz única e potente.

Propusemo-nos a dar maior densidade à relação bilateral entre o Brasil e o Chile, fortalecendo as áreas em que a relação é robusta, como economia, segurança e defesa. Os processos de integração serão sólidos quando se multiplicarem os contatos e as relações entre as pessoas e as instituições da sociedade política e civil. A promoção do turismo contribui poderosamente para esse propósito.

O governo de Bachelet está comprometido com um programa de reformas --tributária, educacional e política-- que busca enfrentar as desigualdades sociais, ampliar as liberdades e fortalecer a democracia. Nas últimas duas décadas e meia, o Chile realizou enormes progressos na diminuição da pobreza e na consolidação de uma economia forte e dinâmica, porém, enfrenta o grande desafio de romper as desigualdades que se expressam em todos os planos da vida social.

Um desafio que, sem dúvida, é muito parecido com os que o Brasil enfrenta hoje. E que fará possível que sigamos nos reencontrando para passar da "amizade sem fronteiras", da qual falava o Barão do Rio Branco no começo do século 20, à construção de novas fronteiras --como espaços de encontro-- que nos permitem intensificar uma estreita e profunda relação.


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