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Opinião

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Roberto Livianu e Laila Shukair

TENDÊNCIAS/DEBATES

A paz é o que importa

Em prol da difusão da cultura de paz, nós, uma palestina e um judeu, de braços dados, lideramos uma caminhada pacifista e apartidária

A humanidade depositou no pacto de criação da ONU as suas melhores esperanças de construção de um instrumento internacional que pudesse garantir paz aos povos depois de uma guerra que deixou em toda a parte rastros de sangue de milhões de seres humanos.

Percebe-se claramente que, no entanto, depois de quase 70 anos desde sua criação, o sonho de paz é longínquo --o mundo assiste impotente e atônito a um grave momento de conflito entre israelenses e palestinos.

Apesar do Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz da ONU, baseado na cultura de paz por meio da educação, da economia sustentável, do desenvolvimento social, entre outros objetivos, é sabido que mudanças de cultura acontecem ao longo de gerações.

Mesmo assim, como promotores de Justiça, sempre tivemos clareza acerca dos contornos de nosso papel de defesa da sociedade, que, nos termos do preâmbulo da Constituição Federal, deve ser comprometida na ordem interna e na internacional com a solução pacífica das controvérsias.

Nesse contexto, por exemplo, vemos o Código Penal não como instrumento legal de vingança da sociedade, mas como lei reguladora da vida social, definindo crimes e penas com o objetivo de promover a paz social. O promotor de Justiça não deve ser um acusador frio que vê o criminoso como inimigo, mas um sensível, humano e criterioso defensor de toda a sociedade que busca aplicar a lei na sua exata medida.

Cremos na mediação para resolver conflitos e, por isso, pensamos ser positiva a ideia da Justiça restaurativa, com seus métodos que visam cerzir a parte esgarçada do tecido social chamando a própria comunidade para facilitar o processo de recomposição dos danos e o próprio diálogo entre agressor e agredido.

Cultura de paz são todas as pequenas ações cotidianas, é uma forma de comunicação que permite sempre que um escute o outro, é uma escuta qualificada e imparcial e uma maneira diferente de lidar com os inexoráveis conflitos.

Cremos na universalização dos direitos humanos, na necessidade do cultivo de um sentimento universal de pertencimento ao planeta, em um mundo ideal sem fronteiras onde compomos uma única e grande família, com compromisso existencial perante as futuras gerações, com a necessidade de sobrevivência na Terra e com a lapidação de uma nova consciência nos próximos séculos.

Consideramos imprescindível a difusão da cultura de paz e, por isso, nós, uma palestina e um judeu, de braços dados, idealizamos e lideramos no domingo retrasado (27/7) no parque Ibirapuera uma caminhada pacifista e apartidária.

É o ecoar de um grito para que o mundo ouça, multiplique e produza pressão em prol da intervenção pela paz. Para estimular outras pessoas a gritar também. Para que as grandes potências saiam da inércia e para que vença o sentido humanitário da vida, e não interesses políticos e econômicos.

Que prevaleça a paz entre os povos e que ela se restabeleça em especial em Israel e nos territórios palestinos. Que a tolerância, o respeito pela vida, a humildade e o entendimento falem mais alto. Que o ser humano seja sempre o eixo central de preocupação da civilização, já que somos todos filhos de Abraão!


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