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Opinião

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Luiz Mello

O assunto é inovação

Inovo, logo existo

O governo parece desprezar o potencial de áreas onde é muito competitivo por entender que é melhor investir nos setores de alta tecnologia

Inovar é o imperativo do momento. O antigo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) é agora Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A sua Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) tornou-se a Agência Brasileira da Inovação. A recém-criada EMBRAPII explicita inovação industrial em seus dois "is". Do lado empresarial, a CNI criou a Mobilização Empresarial pela Inovação. Pode-se dizer que um dos elementos iniciais dessa primazia foi a própria Lei da Inovação, que completa dez anos em dezembro deste ano. O empenho para inovar no Brasil é crescente e decorre de esforços de múltiplos atores.

A indústria inova para reduzir custos, adequar-se a mudanças da legislação e, sobretudo, para aumentar a produtividade e conquistar novos mercados. Tanto aqui como em outros países, inovar é um elemento fundamental para o sucesso. Inovar no transporte transoceânico de minério de ferro, por exemplo, foi estratégico no sucesso da Vale. Mas toda inovação traz consigo o risco e a incerteza. Não buscá-la é a certeza de perecer. Contudo, não é garantia de sucesso.

Por causa de suas complexidades, esse sistema que encadeia academia, empresas e governo depende também de recursos públicos. Recursos não reembolsáveis são vitais. No Brasil, no entanto, o volume de recursos para subvenção pela Finep foi em 2013 somente 22% do que havia sido em 2010.

É verdade que o volume de recursos, como crédito para inovação a taxas subsidiadas, cresceu nos últimos anos. Todas as mudanças de nome e de novas estruturas são muito auspiciosas, mas o governo parece desprezar o potencial de áreas onde é muito competitivo por entender que é melhor investir nos setores de alta intensidade tecnológica.

A agropecuária e a mineração são penalizadas por essa visão restritiva que não possui fundamentação teórica ou suporte histórico. Nem o Manual de Frascati (para pesquisa e desenvolvimento) nem o Manual de Oslo (para inovação) impõem limitação ao setor primário.

Não há setores de alta intensidade tecnológica no Brasil. Por definição, esses setores investiriam acima de 10% de seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento. Por isso, o potencial da inovação dos setores que em outros países são de alta tecnologia é mínimo.

Onde estão as inovações desses setores de "alta tecnologia" no Brasil? Não há setor industrial no Brasil que faça esse investimento.

Investir em setores de média ou baixa intensidade tecnológica não é demérito. Considerando que o objetivo do investimento em inovação é aumentar a competitividade e a produtividade, a alavancagem de grandes setores industriais tem enorme potencial de retorno para a sociedade. E também para algumas atividades de elevada intensidade tecnológica, que podem ganhar dinamismo com a sua vinculação à inovação dos setores de base.

Países mineradores, como Austrália e Canadá, não excluem a mineração de suas prioridades na agenda de inovação. Aliás, a extração de minérios possui afinidades com a extração de petróleo e ambas alavancam grandes redes de fornecedores e de inovadores.

Gastar mais não é receita de sucesso. Investir em pesquisa e desenvolvimento não torna automaticamente uma empresa líder em inovação. Mas inovar é um imperativo, e investir corretamente em pesquisa e desenvolvimento é fundamental para esse processo. Com um importante setor mineral, o Brasil pode ter uma grande alavanca contribuindo para a inovação desse setor. Cogito ergo sum, afirmou Descartes. Inovo, logo existo é hoje o lema.


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