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Opinião

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Paulo Fiorilo

TENDÊNCIAS/DEBATES

Sobre falar do novo e fazer o novo

Marina busca refletir os anseios da juventude que tomou as ruas em junho de 2013, mas fazer o "novo" é diferente de falar do "novo"

Marina Silva tem trajetória política respeitável, que passa pela experiência de vida no interior do Acre e a contribuição com o governo do ex-presidente Lula. Sem dúvida, é uma figura importante da cena política brasileira.

Em um momento histórico como este, no entanto, é preciso prestar atenção aos fatos. Apesar de militar há mais de três décadas, a ex-senadora e líder da Rede Sustentabilidade, abrigada hoje no PSB, coloca-se no debate como defensora de uma "nova política". Não só na repetição desse mantra reside o seu posicionamento: todos os signos de sua campanha trazem o "novo" como componente, flutuando em meio a propostas ora pouco claras, ora contundentes, mas sujeitas a mudança.

A candidata do PSB busca refletir os anseios da juventude que tomou as ruas do país em junho de 2013, mas fazer o "novo" é muito diferente de apenas falar do "novo".

Quando ministra do Meio Ambiente de Lula (2003 e 2008), Marina se posicionou contra o uso de sementes transgênicas. Hoje, a fim de atenuar seu distanciamento do agronegócio, diz que não tem mais essa posição. Onde está a novidade em mudar de opinião ao sabor das disputas e acomodações eleitorais?

A defesa da autonomia do Banco Central é um verdadeiro aceno ao mercado financeiro. O tema revela mais uma contradição da candidata, que defendia o papel do Estado na condução da economia. Tendo como interlocutora Neca Setubal, coordenadora do seu programa de governo, Marina trouxe de volta um debate muito em voga na era FHC, quando os desejos do mercado se impunham sobre as decisões de governo. Ao defender esse método, Marina não é coerente com sua história e não faz nada de novo.

Outro ponto: causou espanto a velocidade com que sua campanha mudou de posicionamento sobre as questões LGBT. Em algumas horas, a candidata, que havia sugerido em plano de governo que seguiria um conjunto de pautas progressistas, recuou e retirou qualquer coisa que não soasse apenas como vagas intenções. E o fez pela reação de lideranças evangélicas.

Ceder aos apelos de conservadores que misturam religião com o Estado laico e querem, em pleno século 21, impor ao país e ao processo eleitoral uma visão de mundo excludente nas questões de gênero, família ou costumes seria a forma da candidata fazer o novo?

Marina já foi do PT, do PV, tentou criar a Rede, mas não conseguiu adesões suficientes. Agora disputa a eleição pelo PSB. Pular de galho em galho, de acordo com arranjos e desarranjos partidários, além de em nada contribuir com o fortalecimento do sistema político, não é prática nova: é a velha política em sua forma mais contundente.

Nesse aspecto, Marina exibe um traço ainda mais preocupante: sua maleabilidade ao adaptar-se aos partidos para obter apoio a causas e interesses próprios.

Nós, do PT, temos exemplos reais do que é fazer o novo, sem tergiversar ou surfar na agradável onda do marketing eleitoral. O programa Mais Médicos, por exemplo, é um caso concreto de coragem e mudança. Encarando o debate ideológico, não retrocedemos nem repetimos fórmulas do passado. Fizemos o novo de verdade.


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